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O cérebro e seu instinto de preservação: o medo

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Quase todos nós possuímos uma circunstância específica que causa algum tipo de desconforto pessoal, já que essa é uma reação, de certo modo, natural para qualquer pessoa. Mas, agora, respire fundo, acalme-se e saiba como o medo pode ser benéfico para quando você mais precisar.

O medo é uma emoção gerada a partir da percepção de perigo ou algo nocivo, que gera um comportamento defensivo. É um instinto de autopreservação, e o sentimento mais antigo que o ser humano experimentou, pois está diretamente ligado à sobrevivência, alertando os primitivos sobre ameaças e riscos. Todos nós temos o medo em nossa natureza. Ele é saudável e um poderoso aliado das pessoas, pois contribui no processo de proteção. Dessa maneira, o medo precisa ser visto como um fator psíquico e fisiológico fundamental para nos deixar atentos e para contribuir no processo de tomar providências quando surgir um momento adverso.

Quando estamos em frente, por exemplo, a algo desconhecido ou ameaçador, o medo nos traz, ao mesmo tempo, um estado de alerta, e uma incidência de movimento. Esse fator está diretamente ligado ao receio de entrar em contato com alguma coisa ou tomar determinada atitude que nos desagrade e, de certo modo, provoque uma espécie de ameaça, seja física ou psicológica.

Contudo, falar de medo não é algo tão simples quanto parece, já que ele gera diversas reações fisiológicas e psicológicas. Esse comportamento está ligado a um sistema muito mais rápido que a razão, que promove a nossa proteção. Ele é um método de alarme, que avisa, mas não toma decisões por conta própria.

Para que as informações cheguem ao cérebro quase que instantaneamente, há um sistema complexo, envolvendo diversas áreas, neurotransmissores e hormônios para que o medo seja processado. Os estímulos são percebidos pelos órgãos do sentido (visão, audição, tato, olfato e paladar), encaminhados ao tálamo (região que promove a transmissão de impulsos sensitivos) e, em seguida, percorrem dois caminhos: a amígdala, área no cérebro responsável pelo processamento dos estímulos percebidos como nocivos; e o córtex pré-frontal, que é encarregado de realizar a análise cognitiva desses estímulos.

Após o processamento das informações, elas são disparadas para outras regiões do cérebro por meio de neurotransmissores e hormônios. Alguns deles são a adrenalina e o cortisol, que liberam uma resposta fisiológica no organismo e o prepara para um estado de alerta para fuga ou defesa. Com isso, o organismo sofre diversas alterações, como o aumento de fluxo sanguíneo para o coração, pulmões e músculos, além da redução da circulação na pele e nas vísceras. Isso varia de acordo com a análise feita pelo córtex pré-frontal, que indicará o comportamento adequado para cada situação.

O medo é uma das emoções básicas do ser humano, que nos acompanha desde os tempos mais primitivos. Trata-se de uma reação a algum perigo, indicando o momento de lutar ou fugir. Até aí tudo bem. Há milhares de anos, a humanidade lutava contra predadores para sobreviver, e o medo tinha um papel essencial nessa batalha.

Mas, atualmente, o homem, de certa forma, dominou o mundo e todos aqueles que colocavam em risco a sua existência. Então, o que nos leva a sentir medo e por que ele ainda se faz presente em nossas vidas? Nosso cérebro não distingue perfeitamente a imaginação da realidade, assim, nossa fisiologia responde ao que foi projetado no interior de nossa mente. A sensação de insegurança faz com que se busque, cada vez mais, forma de alcançar proteção mesmo que nunca se tenha enfrentado situações difíceis de medo. Buscamos a segurança, trata-se de uma necessidade humana que pode não ser suprida diante desse cenário de perigo constante.

Acredito que tomar consciência dos medos que são reais e dos que são imaginários é um caminho para nos sentirmos um pouco mais seguros.

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