Existe uma idealização da vocação da maternidade e da paternidade. A partir do momento que a criança nasce ou quando acontece uma gravidez, é esperado que pais se sintam “apaixonados” e realizados com esta chegada. Mas em algumas pessoas isso não acontece. Nem todos possuem essa disponibilidade afetiva e emocional, nem sempre os filhos que surgiram naquele momento específico foram desejados e planejados.
A maternidade e a paternidade às vezes são idealizadas socialmente e pela mídia. Muitas pessoas se sentem em conflito, possuem dificuldade de assumir a responsabilidade, podem ter questões mal resolvidas com os seus próprios pais e mães, ou possuem dificuldade de exercer a parentalidade.
É importante falar sobre esse assunto, pois muitas vezes, os casais decidem por uma gravidez porque acham que tem essa obrigação. Existe uma cobrança social e a opção de ter um filho dever ser refletida. Muitas vezes é melhor renunciar à ideia, se não tiverem certeza de que o sentimento de ampliar a família é desejo de ambos.
Mães que não se sintam aptas à maternidade não deveriam se sentir diminuídas frete às outras. Atualmente, o amor materno e paterno é colocado no mesmo nível de importância, ou pelo menos, assim deveria ser. Importante perceber que as relações mudaram e que os pais, hoje, convivem mais e cuidam de perto de seus filhos.
Participam da alimentação, da escola e do emocional das crianças. É este convívio que é responsável pela construção do amor e do vínculo e assim também o é com a relação materna. Também a relação da maternidade, só se dará se houver convívio, disponibilidade de tempo e emocional para construir uma ligação de afeto e cuidados com sua prole.
Vale ressaltar, que a maioria das mulheres, na ocasião do nascimento de um filho, principalmente na fase da amamentação, experimenta sentimentos contraditórios e inconciliáveis com a imagem idealizada de maternidade ditada pela cultura. Desta forma, estabelece-se um conflito entre o ideal e o vivido. Infelizmente ainda vivemos sob o manto das velhas representações, pois continuamos cobrando das mulheres o velho modelo de mãe idealizada.
Por isso, o planejamento de um filho, precisa incluir o fato de que criança precisa de segurança e confiança em seus pais. Precisam de amor genuíno, não de uma idealização.
*Artigo da colunista Andreia Soares Calçada, psicóloga clínica e jurídica. Perita do TJ/RJ em varas de família e assistente técnica judicial em varas de família e criminais em todo o Brasil. Mestre em sistemas de resolução de conflitos. (@andreiasoarescalcada.psi)