O mês de janeiro é uma oportunidade ideal para discutir como as emoções influenciam nossas vidas, incluindo o processo educacional, pois é dedicado à campanha “Janeiro Branco”, voltada para a conscientização sobre a saúde mental e emocional, com foco na importância do cuidado com a mente.
A educação, em sua concepção mais ampla, vai além do simples aprendizado acadêmico. Ela envolve o desenvolvimento das habilidades emocionais e sociais, que são fundamentais para a formação de cidadãos plenos, capazes de lidar com os desafios da vida. Nesse contexto, a educação socioemocional surge como uma abordagem essencial para o desenvolvimento integral dos estudantes, contribuindo para o fortalecimento de competências emocionais, sociais e comportamentais que influenciam diretamente o sucesso acadêmico e a qualidade de vida dos jovens.
A educação socioemocional é importante desde os primeiros anos de vida, e sua implementação nas escolas deve começar o quanto antes, preferencialmente na educação infantil. Embora as necessidades e abordagens variem conforme a idade, as habilidades socioemocionais são fundamentais para o desenvolvimento de todas as crianças e adolescentes, independentemente da fase em que se encontram.
O objetivo central da educação socioemocional é proporcionar aos estudantes as ferramentas necessárias para compreender e gerenciar suas emoções, interagir de maneira respeitosa com os outros e lidar com as adversidades de forma construtiva. Essas competências não apenas contribuem para o bem-estar emocional dos alunos, mas também favorecem a construção de um ambiente escolar mais saudável e colaborativo, pois ela permite que os alunos se conheçam melhor, identifiquem suas emoções e compreendam suas reações diante de diferentes situações. Isso favorece o desenvolvimento da empatia, do autocontrole, já que os estudantes aprendem a regular suas emoções de maneira adequada, evitando reações impulsivas ou prejudiciais, como agressividade ou ansiedade excessiva.
Os conflitos são uma parte natural da vida escolar, e a educação socioemocional ajuda os alunos a lidar com esses desafios, aprendendo a negociar, a ouvir ativamente e a buscar soluções pacíficas para os problemas. Além disso, essas habilidades os auxiliam na tomada de decisões mais responsáveis e conscientes, tanto no contexto escolar quanto na vida cotidiana.
A adolescência, especialmente, é uma fase marcada por grandes mudanças emocionais e sociais, o que pode gerar estresse e ansiedade nos jovens. A educação socioemocional proporciona estratégias de enfrentamento que ajudam os alunos a lidar com situações desafiadoras e a aumentar sua resiliência. Ao desenvolverem habilidades como a autorregulação e a capacidade de se adaptar a novas situações, os estudantes se tornam mais aptos a enfrentar dificuldades com equilíbrio e confiança.
Estudos demonstram que a educação socioemocional também impacta positivamente o desempenho acadêmico dos alunos. Isso ocorre porque, ao aprenderem a gerenciar suas emoções e interações sociais de maneira mais eficaz, os estudantes se tornam mais focados, motivados e envolvidos nas atividades escolares. Além disso, ambientes escolares emocionalmente seguros e positivos favorecem a concentração e a aprendizagem, criando um ciclo virtuoso de sucesso acadêmico e bem-estar.
A implementação de programas de educação socioemocional nas escolas requer um comprometimento da gestão escolar, dos educadores e da comunidade escolar como um todo. É importante que a educação socioemocional não seja tratada como um conteúdo isolado, mas como uma abordagem transversal, que perpassa todas as áreas do conhecimento e todas as interações no ambiente escolar.
Daniela Barreto de Oliveira Ferreira é Mestre em Educação, Pedagoga, Neuropsicopedagoga, Psicopedagoga, Neuroterapeuta, Especialista em Neurociência e Análise do Comportamento Aplicada (ABA), CEO do Instituto Neuroestar, do Consultório Cognitivo e criadora do Neuroestarcast.