A Comissão de Meio Ambiente da Câmara do Rio realizou semana passada uma audiência pública externa, no auditório de um shopping da Barra da Tijuca, para debater soluções para a recuperação ambiental das lagoas da Barra, Recreio e Jacarepaguá.
A reunião foi conduzida pelo presidente do colegiado, vereador Diego Faro (PL), e contou também com a participação dos vereadores Vitor Hugo (MDB) e Zico (PSD), vice-presidente e vogal do colegiado, além do presidente da Casa, Carlo Caiado (PSD).
Morador da Barra da Tijuca, o vereador Diego Faro falou sobre a importância o encontro para de bater a recuperação das lagoas da região.
“Sou morador do bairro a vida inteira e tenho a satisfação em contribuir com o local onde nasci, cresci e vivo até hoje”, destacou o parlamentar.
Já o vereador Carlo Caiado lembrou o compromisso e as ações da Câmara do Rio voltadas à sustentabilidade e a necessidade da realização dos debates.

“Vale a pena continuar lutando. Nosso objetivo é obter uma atualização das obras de dragagem do Complexo Lagunar e das obras de saneamento nas áreas”, explicou.
Promotor do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), Alexandre Maximino fez críticas às ações que estão sendo planejadas para a região, como a dragagem das lagoas.
“Não adianta só dragar. Ouvimos diversos especialistas. Serão gastos os R$ 250 milhões para remover o lodo, e o esgoto vai continuar aportando para as lagoas de Camorim, Marapendi, Tijuca e Jacarepaguá”.
Para o promotor, os recursos não serão suficientes e será necessário pensar em alternativas, como o uso dos recursos do Fundo Estadual de Conservação Ambiental e Desenvolvimento Urbano (Fecam)m
“Uma possibilidade é o uso do Fecam, que arrecada R$ 1 bilhão e executa R$ 500 milhões”, sugeriu. O Fecam foi criado pela Lei 1.060, de 10 de novembro de 1986, e financia projetos ambientais e para o desenvolvimento urbano em todo o Estado do Rio de Janeiro.
O presidente da Câmara Comunitária da Barra da Tijuca, Delair Dumbrosck, concordou com o promotor Maximino. “Os R$ 250 milhões não dão nem para fazer cócegas nos serviços de dragagem que precisam ser feitos. Precisamos juntar forças para discutir como o governo do Estado e cobrar que os recursos sejam colocados na dragagem da lagoa”.
Representando o Instituto Estadual do Ambiente (Inea), Cauê Bielschowsky observou que, apesar do saldo remanescente, os recursos do Fecam já estão comprometidos. “É preciso diversificar a carteira de investimentos no tema ambiental, com fundos federais e internacionais para mais melhorias”.
Operações da Iguá Rio de Janeiro, apresentou os investimentos e alguns resultados já obtidos pela empresa desde que iniciou as operações.
“Foram 40, 50 anos de avanço da estrutura, mas a infraestrutura de água e esgoto não acompanhou o boom na região da Barra, Recreio e Jacarepaguá. A Iguá entra no cenário como parte da solução e não do problema. A ansiedade por uma melhora é legítima, mas não existe solução imediata”, pontuou o executivo.
Os investimentos previstos pela empresa são de mais de R$ 2 bilhões durante o período de concessão. No período de 2022 ao primeiro trimestre de 2025 foram investidos R$ 798,8 milhões, valor superior aos R$ 341,4 milhões aportados pela antiga operadora entre 2018 e 2021. “É uma grande resposta para os investimentos que estão sendo feitos. Nós estamos dando a velocidade e a tração esperadas e colocadas no contrato para atender os objetivos de universalização de saneamento na nossa área”, afirmou Arrosti.
Entre os principais investimentos, de acordo com o executivo, estão os R$ 250 milhões voltados à revitalização do complexo de lagoas da Barra e Jacarepaguá, que devem durar 36 meses. De um volume total de mais de 2 milhões de m3, já foram dragados 562 mil m3, até maio de 2025. Na lista dos benefícios estão a abertura de canais e aumento da troca hídrica e melhoria no oxigênio dissolvido na água.
Ainda estão sendo previstos R$ 305 milhões para a expansão da rede de água e esgoto em áreas irregulares não urbanizadas. No perímetro da empresa existem 196 áreas, com 137 tecnicamente aptas para a implementação de obras pela concessionária Iguá, que já selecionou os 21 primeiros locais que receberão os projetos.
Mancha escura não vem das lagoas
Lucas Arrosti também explicou o aparecimento da mancha escura no mar da Barra da Tijuca em maio deste ano, causada por maré baixa. Segundo ele, o fenômeno é recorrente e natural, e a intensidade pode variar conforme outros fatores, como chuvas, ressaca e vento. “O fenômeno é recorrente e está atrelado a questões astronômicas e meteorológicas. Ele vai ocorrer, independente se é operação da Iguá”.
O biólogo e consultor do projeto da Iguá, Mário Moscatelli, também comentou a iniciativa. “O que há de novo para mim, e essa mancha não é novidade nenhuma, é que nós estamos atacando as consequências e também as causas”.
No fim da audiência pública sobre as lagoas, o vereador Diego Faro colocou a Comissão de Meio Ambiente à disposição dos participantes e moradores da região para o encaminhamento de dúvidas e perguntas.
Participaram também da audiência pública sobre as obras nas lagoas os vereadores Deangeles Percy (PSD) e Marcelo Diniz (PSD), o deputado estadual Claudio Caiado, a chefe de gabinete da Rio-Águas, Georgiane Costa Vita, e o engenheiro Frederico Menezes, da Agência Reguladora de Energia e Saneamento Básico do Estado do Rio de Janeiro (Agenersa).