A crise do futebol carioca o faz perder força ano após ano. Em 2014, por exemplo, o Rio iniciou o Campeonato Brasileiro com apenas três clubes – Fluminense Botafogo e Flamengo.
Rebaixado em 2013, restou ao Vasco disputar a Série B. Aliás, o Fluminense, a exemplo do Vasco, caiu para a Segundona dentro de campo em 2013, mas foi salvo graças à escalação irregular do jogador Héverton, da Portuguesa, que decretou o rebaixamento da Lusa (no lugar do Tricolor Carioca) à Série B. Ufa!!! O Rio de Janeiro pôde, então, ter três e não dois clubes na principal divisão do futebol brasileiro.
O Vasco fez seu papel às duras penas. Garantiu-se ao ficar em terceiro lugar (sobem quatro equipes) na Série B e, por isso, em 2015, disputará a Série A. O Botafogo, por sua vez, deu vexame e caiu para a Segundona com a incrível marca negativa de 22 derrotas em 37 jogos. A dupla Fla/Flu não empolgou. Longe disso!!! O Rubro-Negro foi lanterna, flertou com a Zona de Rebaixamento mas conseguiu escapar.
O Tricolor bancado pelo plano de saúde Unimed é o único com força (R$) para montar um elenco com estrelas e que, teoricamente, possui mais chances de brigar pelas primeiras posições. Na prática, Conca, Fred e companhia não conseguiram nem sequer uma vaga na Taça Libertadores – para tanto, é preciso terminar entre os quatro primeiros colocados.
A pergunta que o torcedor se faz é: por que o futebol do Rio de Janeiro perdeu tanta força? Antes, o eixo Rio-São Paulo revezava-se na disputa pelo caneco. Hoje, Minas Gerais e o Rio Grande do Sul dividem com São Paulo as primeiras posições. E quando digo que dividem, pense em São Paulo como a quarta força. Afinal, os representantes do Estado de São Paulo não são a mesma maravilha do passado. Ainda assim, Corinthians e São Paulo sempre estão “nas cabeças” e o Santos teve muito brilho com Neymar e Ganso num passado não tão distante.
O Cruzeiro é o atual Bi-Campeão Brasileiro e o rival faturou a Libertadores em 2013 e a Copa do Brasil em 2014. Inter e Grêmio dão exemplo. Os jogos vivem com a “casa cheia” e o número de sócios aumenta significantemente. Dentro de campo é bem verdade que Internacional e Grêmio, mesmo com elencos recheados de craques, vêm batendo na trave nos últimos anos, mas estão longe de atrasar salários e flertar com o rebaixamento como ocorre nos times da Cidade Maravilhosa.
O ex-jogador de Vasco, Fluminense e Botafogo Ramon Menezes, famoso por seus dribles e por suas cobranças de falta, hoje é auxiliar-técnico do Joinville, Campeão da Série B e que, ao lado do quarto colocado Avaí, irá se juntar à Chapecoense e ao Figueirense ultrapassando (pasmem!) o número de participantes do Rio de Janeiro no Brasileirão de 2015. Será que Davi venceu Golias de novo? Ou Golias já não é tão grande e tão pouco impõe medo à Davi?
Profundo conhecedor do futebol carioca, Ramon foi perguntado a que se deve a queda de rendimento. A resposta foi seca: “O futebol do Rio parou no tempo.” E parou mesmo, Ramon. Parou porque não existe planejamento, por incompetência de seus dirigentes e porque, diferentemente do que acontecia no passado, não se revela mais jogadores de qualidade. A base está entregue às moscas, e o futebol profissional é um grande reflexo deste abandono.
Oremos por dias melhores. O torcedor carioca merece!