“O destino de uma mulher é ser mulher”. Clarice Lispector
Em 8 de março de 1857, funcionárias de uma fábrica de tecidos de Nova York , uniram-se para reivindicar melhores condições de trabalho, tais como, redução na carga horária e equiparação de salários com os homens. A manifestação foi reprimida com total violência. As mulheres foram trancadas dentro da fábrica, que foi incendiada. Aproximadamente 130 tecelãs morreram carbonizadas.
No ano de 1910, durante uma conferência na Dinamarca, ficou decidido que o 8 de março passaria a ser o “Dia Internacional da Mulher”, em homenagem as mulheres que morreram na fábrica em 1857. Mas somente no ano de 1975, a data foi oficializada pela ONU para lembrar as conquistas sociais, políticas e econômicas das mulheres.
De lá para cá muita coisa mudou, mas é preciso mudar mais… a cada dia, as mulheres vêm ocupando seu merecido espaço e apagando de vez a tal imagem de “sexo frágil”.
Fato, é que as mulheres sempre exerceram papel fundamental na sociedade, e no mundo do vinho não foi diferente. Historiadores dão conta que na Grécia antiga, somente mulheres sacerdotistas podiam vender vinhos, mas não podiam beber, sob pena de serem queimadas vivas! Ainda bem que os tempos mudaram! O primeiro milagre de Jesus, transformar água em vinho nas Bodas de Caná foi a pedido de sua mãe Maria. Porque festa sem vinho não é festa. Na história mais recente temos diversos exemplos de mulheres que contribuíram com força, coragem e beleza para esse universo.
Gina Gallo, enóloga da E. & J. Gallo Winery, considerada a maior vinícola do mundo. Para Gina, “um vinho tem de ser bonito de se ver e de se cheirar, ter um sabor surpreendente e deve fazer sorrir”.
Em 1988, após a morte de seu pai, a Baronesa Philippine de Rothschild assumiu as responsabilidades da empresa Baron Philippe de Rothschild S.A. e a tornou uma das mais ousadas e inovadoras vinícolas.
A “Bíblia do Vinho”, uma das publicações mais abrangentes sobre o assunto, foi escrita pela americana Karen MacNeil.
Jancis Robinson, a mestre dos vinhos, é a mais respeitada crítica da bebida. Consultora oficial da adega do Palácio de Buckingham , em Londres. Em um meio aparentemente dominado pelos homens, ela se destaca como uma verdadeira autoridade no assunto.
Quando falamos de mulheres, não podemos deixar de citar os champagnes, são como espelhos, impossível resistir à eles. Muitas foram as mulheres presentes na produção desses vinhos, porém, sem dúvida Nicole-Barbe Ponsardin, a famosa Veuve Clicquot Ponsardin, la Grande Dame, foi uma das mais célebres.Entre seus feitos, estão a invenção do método de remuage e retirada dos resíduos, processos utilizados por todos os produtores de Champagne até os dias de hoje. Não podemos deixar de citar também Lily Bollinger, quando seu marido faleceu em 1941, Lily levou sua famosa casa de champagne através dos difíceis anos de ocupação alemã na França. Ela dirigiu a empresa até o seu falecimento em 1977. A Bollinger prosperou sob sua liderança, dobrando de tamanho. Figura amada na região, era vista todos os dias andando de bicicleta pelos vinhedos. Em 1961, quando um repórter de Londres perguntou quando ela bebia Champagne, Madame Bollinger respondeu: “Só bebo Champagne quando estou feliz e quando estou triste. Ás vezes, bebo quando estou sozinha. Quando estou em companhia, considero obrigatório. Bebo um golinho se não estou com fome e bebo quando estou com fome. Caso contrário nunca toco nele, a não ser que esteja com sede”. Desde 1973 o champagne Bollinger aparece regularmente nos filmes do 007. Às vezes o nome da marca é pronunciado, outras vemos uma cápsula jogada em cima da mesa… Prestando atenção, veremos mesmo que timidamente uma menção ao Champagne Bollinger.
O vinho do Porto não conseguiria contar sua história sem mencionar Antonia Adelaide Ferreira, a Dona Ferreirinha, que viuvou 2 vezes, nunca se abateu e ficou sempre à frente de seus negócios. Herdou uma “quinta” e terminou a vida com 23.
Porém, uma das mulheres mais inacreditáveis na história do vinho foi Leonor de Ghilhaume ou Leonor de Aquitânia. Filha do duque de Aquitânia, a região de Bordeaux. Conseguiu se casar com 2 reis: Luis VII da França e posteriormente Henrique II da Inglaterra. Mãe do futuro rei da Inglaterra Ricardo “Coração de Leão”, foi ela que através de uma manobra política, conseguiu que o rei (seu filho) isentasse de impostos os vinhos da região de Bordeaux, na França. Tornando os vinhos de sua terra natal, sem concorrência. Assim, o nome Bordeaux começou a ser conhecido e firmou-se como sinônimo de bons e mágicos vinhos.
Aqui, citamos apenas algumas das mulheres fantásticas do mundo do vinho. Seriam necessários muitos artigos para falarmos de todas e suas infinitas contribuições. Por sorte, a todo momento surgem novas Ginas, Nicoles, Antonias, Lilys, Marias…
Um brinde a todas nós! Saúde!!!