A sensibilidade de cuidar do outro independe da carreira escolhida, é vocação. E isso é exatamente o que a atriz de Zorra Total, Renata Castro Barbosa transmite às pessoas ao seu redor.
Renata começou sua carreira na novela “Vale Tudo” (1988) quando tinha apenas 15 anos. Hoje, com quase 30 anos de carreira, a moradora da Barra da Tijuca, atua no novo formato do Zorra Total e mostra mais uma vez o seu talento único para comédias.
Nesta entrevista, a intérprete da personagem Gislene, a eterna rival de Marinete em “A Diarista” (2003), revela as dificuldades pela carreia, o seu amor pelo bairro onde vive há 30 anos e nos conta porque é conhecida na família como enfermeira. Confira:
– Quando decidiu ser atriz? Já pensou em seguir outra profissão?
Comecei muito cedo. Era muito tímida e no palco me sentia mais a vontade do que fora dele. Quando terminei o colégio fiz vestibular para Psicologia, mas me convidaram para fazer uma novela e lá fui eu. Fiz mais tarde jornalismo, mas tranquei pra viajar com peça. Não me imagino fazendo outra coisa.
– Em sua opinião, qual o papel mais importante da sua carreira?
Todos são especiais por algum motivo. A Letícia, de Tieta, marcou por ter sido o primeiro personagem mais consistente que fiz na TV. O projeto Alucinadas, no teatro e na TV, por ser minha primeira produção (eu e Luciana Fregolente) e primeira vez que escrevi profissionalmente, é meu xodó.
– Quais os benefícios e malefícios da área?
Acho que a inconstância da profissão é o mais complicado de lidar. Tem que gostar muito, porque às vezes fica bem difícil. É uma carreira instável. Ainda mais em um país onde a cultura é tão pouco valorizada.
– Sobre o humor, o que acha de interpretar personagens nesse gênero?
Sempre gostei de fazer as pessoas rirem. E os convites que fui recebendo eram para humor, então comecei a acreditar que gostavam do que eu fazia.
– Tem alguma história inusitada dentro desse tempo de carreira?
Nossa, são quase 30 anos de profissão! Tenho várias! Desde fracassos a sucessos. Não saberia dizer uma! [risos]
– O que mais gosta na região?
Mesmo com o crescimento avassalador, ainda acho um bairro mais tranquilo para se viver. Acho menos tumultuado do que a Zona Sul, por exemplo. E cresci aqui, então conheço muita gente, me sinto numa cidade do interior. E ainda é perto do meu trabalho, então…
– Quais os lugares mais legais que você indica para quem deseja conhecer um pouco mais do bairro?
Acho o Jardim Oceânico um dos lugares mais charmosos daqui. Também tem um bar na beira da praia, o Bangalô, que tem comidinhas deliciosas e sempre gente interessante (músicos e artistas de uma forma geral). A praça do Pomar, para crianças, é uma delícia e ainda tem a padaria do Pomar em frente, com o melhor pão na chapa.
– Nossa temática desse mês é medicina. Você já interpretou alguma médica? Se não, já se pegou pensando em como seria?
Em Amor à Vida, do Walcyr Carrasco, fiz uma nutricionista de hospital. Foi muito interessante. Fizemos laboratório em hospitais e passei a entender mais sobre essa parte, que é super importante nos tratamentos de quem está internado. Sou boa enfermeira! [risos] Gosto de cuidar e segundo meu filho, faço curativos como ninguém!
– Como você faz para montar um personagem? Como é feita sua parte criativa?
Isso depende muito. Quando se tem um personagem fixo, gosto de entender como ele é, de pesquisar nas ruas, de ver filmes que me ajudem a entender de onde ele vem. Agora, no Zorra, por exemplo, que são vários personagens ao dia (esquetes), aí é usar o que observo todos os dias, na vida e brincar! É delicioso também. Os figurinos me ajudam bastante! E observar. Sempre! Amo observar, sem julgar, todo e qualquer ser humano! Faço isso desde pequena! Tinha uma brincadeira com meu pai, de sentar em um restaurante, praça, qualquer lugar e ficar tentando imaginar quem eram, o que faziam e o que estavam vivendo as pessoas que passavam por nós. Faço até hoje!
Rapidinhas:
Há quanto tempo mora na Barra?
Há 30 anos.
Por que escolheu o bairro para morar?
Minha mãe e meu padrasto compraram uma casa aqui e vim com eles. Moro aqui desde então.
Qual foi sua primeira novela?
Vale Tudo, em 1988 quando tinha 15 anos.
Em que você está trabalhando agora?
Estou no ar com o Novo formato do Zorra Total e com o programa Alucinadas, que está sendo represado pela Multishow – um programa criado por mim e por Luciana Fregolente, onde as interpretamos esquetes inéditas sobre o comportamento feminino.
Como você se especializou em dramaturgia?
Estudei teatro na CAL e fiz faculdade de Artes Cênicas, no Rio de Janeiro. Em São Paulo, estudei com o grupo TAPA, fiz oficina de Clown com Marcio Libar, fiz anos Camila Amado e workshop do Teatro du Soleil.
– O que mais gosta na profissão?
Tudo! A possibilidade de vivenciar vários sentimentos e situações. A magia do “faz de conta”. Contar histórias. E se isso modificar uma pessoa que seja, meu dever está cumprido.