A mudança no perfil da sociedade brasileira é uma realidade – sobretudo, no que diz respeito à formação da família. O tradicional modelo de família de algumas décadas, no qual ter filhos era prioridade dos casais, está ficando de lado. É o que indicam os números da Síntese de Indicadores Sociais 2015, divulgado no último dia 4, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo os dados, casais sem filho são quase 20% dos arranjos familiares no país, deixando bem claro que a taxa de fecundidade no Brasil está em queda. Em dez anos, a taxa de filhos por mulher caiu 18,6%, chegando a 1,74% em 2014. Na contramão da queda da taxa de fecundidade, vem crescendo a procura pelas técnicas de Fertilização in Vitro (FIV) nas clínicas especializadas em todo o país. De acordo com o Sistema Nacional de Produção de Embriões (SisEmbrio), o número de FIVs realizadas no Brasil, incluindo mães heterossexuais e homossexuais, aumentou em 106% em quatro anos. O total de procedimentos saltou de 13.527, em 2011, para 27.871, em 2014.
No âmbito do Sistema Único de Saúde, o número de serviços de FIV disponíveis ainda é insuficiente, apesar do Ministério da Saúde ter determinado recursos para ofertar o tratamento através da Portaria 3.149, em dezembro de 2012. Atualmente, apenas sete cidades brasileiras (Natal, Recife, Brasília, Goiânia, Belo Horizonte, São Paulo e Porto Alegre) oferecem essa possibilidade.
Mas o que fazer para ampliar o acesso às técnicas de reprodução assistida? Além das políticas públicas, o apoio da iniciativa privada, com projetos subsidiados, tem sido um aliado de peso. No Rio de Janeiro, o Projeto Vida, que completa 10 anos em 2016, oferece tratamento com preços reduzidos e já beneficiou mais de mil casais. Muitas outras iniciativas semelhantes se proliferam em outros estados do Brasil. Trata-se de uma corrente do bem, que representa uma luz no fim do túnel para milhares de pessoas que desejam realizar o sonho da gravidez.