Sexta dica: é fundamental a presença de um terapeuta ocupacional. A criança com TEA possui hipotonia, que seria baixo tônus muscular, ou seja, não possui muito domínio do corpo e apresenta dificuldades motoras na mão e na marcha. O TO irá trabalhar exatamente essas coordenações, organizando o corpo e construindo sua identidade, ele precisa se pertencer e tudo começa pelo corpo, a porta de entrada do aprender se dá pela nossa parte sensorial, o que não é diferente na criança com autismo. As funções executivas dos lobos frontais, responsáveis pelas mudanças atencionais, de planificação e monitoramento da ação, podem explicar o comportamento repetitivo e rígido de pessoas com autismo, assim como comprometimentos sociais.
Entender o mundo e toda essa complexidade de atitudes sociais para eles é difícil, e a melhor forma de ensinar é com imagens. Como se comportar nesse mundo social, para o autista, é um aprendizado que ocorre através da imagem de situações do dia a dia, existem várias imagens que podem ser realizadas em casa, na escola, favorecendo a organização da vida dessa criança. São estímulos que devem ser apresentados aos poucos, e, no tempo certo de ganhos dessa aprendizagem, construir um quadro completo da vida diária desse sujeito.
A sétima dica seria paciência e desacelerar, não tem como cuidar de uma criança típica sem ter paciência, isso é um instrumento de excelência, é fundamental para o processo. Desacelerando, permitirá que ele vivencie um ambiente tranquilo e calmo. Quando dizemos para uma criança atípica, por exemplo: “você não deve usar o dedo para limpar o nariz”, talvez você deva dizer isso pelo menos umas três ou cinco vezes e ela irá aprender. Para uma criança autista, talvez você precise ensinar pelo menos durante um ano, modelando esse comportamento, num processo de repetir, repetir, repetir, sempre, com paciência. A forma de dizer é que irá fazer a diferença, como: “limpe o nariz no lenço”, é mais objetivo e pontual, uma frase mais curta com um entendimento mais rápido, e isso irá facilitar o aprendizado, evitando o “não” constante, o que sempre desencadeia um conflito e a agressividade. Ele tem um aprendizado mais lento, o processo neuronal de entender o mundo externo é mais lento, com comportamentos que não são adequados, e então precisa buscar formas, mecanismos para driblar o “não” de forma correta. Quando ele quer, por exemplo, comer algo fora da hora, ao invés de dizer: “não, você não vai comer o chocolate”, podemos dizer “você vai comer o chocolate depois do almoço”, por exemplo, isso vai ajudar e melhorar a situação, e tem como objetivo colocar limites.
Oitava dica: sair com a criança. Saia sempre, ele precisa conhecer e perceber o que existe à sua volta, não importa se vai passar por alguma situação, mas não esconda e não o impeça de ver o mundo, de se socializar, não culpem eles por serem autistas e não os condenem por isso, toda criança faz bagunça, e eles fazem numa dosagem maior.
A nona e última dica seria: não se esqueçam de cuidar de vocês mesmos, estejam sempre juntos, se olhem, sejam sempre enamorados, isso não é o fim do mundo, não fiquem somente voltados aos cuidados dessa criança, dividam com a família, nem que seja uma hora, mas procurem passear, cuidar da aparência, se olharem… Não transfiram o autismo, a culpa de tudo, a criança percebe isso, e se sente culpada também. Se perceber que está atrapalhando a união do casal, podem se entregar.
Lembrem-se: pais felizes cuidam de filhos felizes.