Mãe de duas crianças e diretora do Colégio Notre Dame-Recreio, Andreia Miranda foi pega de surpresa quando o filho de 5 anos, quis explicações sobre o atual momento político ‘A mamãe não vai conseguir explicar porque também está tentando entender’, disse. Esse é hoje um desafio para pais e educadores. E fica maior quando se trata de adolescentes: o embate político foi parar nas nas salas de aula. Educadores intervêm com a incumbência de serem apartidários. Algumas escolas da região apostam na necessidade de desenvolver projetos que promovam a tolerância, a consciência política e controle os ânimos em sala de aula.
Coordenador do Ensino Médio do Colégio Notre Dame-Recreio, Marcelo Menezes conta que os embates costumam esquentar, sendo necessária a intervenção do professor – ‘Eles tomam partido, defendem suas ideias e muitas vezes com argumentos rasos. Soma-se a isso a rebeldia característica dessa fase. É um momento que exige cautela, pois é preciso fazê-los pensar, mas de forma apartidária. O professor tem papel fundamental, mas não pode argumentar, deve ser um mediador, ser imparcial. Se o professor argumenta, vira militância’, diz. O Notre Dame-Recreio chegou a planejar eventos com palestras sobre política com a participação de especialistas políticos, mas desistiu com receio de ‘inflar’ ainda mais os ânimos.
Já o Colégio Alfa Cem, que tem unidades na Barra da Tijuca e em Jacarepaguá, apostou em projetos com data e hora marcada para que exponham suas opiniões e aprendam mais sobre política. A coordenação promove regularmente o projeto Papo-Cabeça, em que os alunos são reunidos na quadra e convidam uma personalidade para, junto aos professores, abordarem temas específicos. O próximo tema será Situação Política do Brasil. O coordenador do Ensino Médio, Heitor Victor conta que os alunos estão muito interessados no assunto, questionam e querem saber mais sobre o que está acontecendo no cenário político. “Eles também tem curiosidade em saber saber as posições políticas dos professores. Chegaram a pedir aula sobre a organização política brasileira”, conta.
No Colégio Pensi-Recreio, um grupo de alunos do pré-vestibular chegou após a aula para justificar a falta coletiva. Os jovens, todos com 17 anos tinham ido a um cartório eleitoral providenciar seus respectivos títulos eleitorais, mas não conseguiram pois a emissão passou a exigir agendamento prévio. Mas ficaram felizes em saber que estão dentro do prazo. Para o diretor pedagógico da rede, Márcio Branco, isso mostra que essa geração não quer ser mera espectadora do cenário político.
” Eles não querem ficar de fora, eles tem vontade de participar, de fazer parte de uma mudança. Se votar antes dos 18 anos não é obrigatório, atualmente os jovens não querem abrir desse direito’. Branco acredita que a obrigação do professor em sala hoje é desmistificar os dois lados e respeitar a opinião do aluno;
” Tentamos tirar o foco das discussões pontuais partidárias, pois isso não cabe à escola. É preciso falar da função política, explicar por exemplo o que é impeachment e mostrar que esse viés binário e maniqueísta é pouco produtivo. Mas não é fácil pois o professor deve abrir mão de suas posições políticas’, disse.
Coordenadores do curso QG do Enem, que oferece aula de Atualidades para ajudar os alunos a ficarem antenados, apostam no tema nos próximos exames vestibulares e concursos. O QG transmitiu em março um aulão gratuito de Atualidades abordando o assunto e no próximo dia 19, às 20h, vai promover outra aula também ao vivo para todo o País sobre “Brasil: Dilemas da Redemocratização – Plano Cruzado ao Impeachment do Collor’, que vai inaugurar o curso ‘Foca na Humanas’, aprofundado em História, Geografia e Sociologia. Os professores vão abordar o processo político e tirar dúvidas.
‘Além de entenderem o que está acontecendo no cenário político e econômico do País para que construam seus argumentos, o tema também serão cobrados em provas’, explicou o coordenador, Marco Laurindo