Após passarmos um longo tempo degustando as cervejas europeias, desbravaremos as Américas. Em nossa primeira parada no Novo Mundo, aterrissaremos nas terras do Tio Sam: Welcome to Estados Unidos!
A história da cerveja nos EUA não é recente. Os nativos americanos já elaboravam sua “cerveja” feita de milho, seiva de árvore e bétula. Ainda prevalecem os grãos de milho e arroz na produção da cerveja americana, pois esses crescem melhor ali. Já a cerveja como conhecemos hoje chegou aos Estados Unidos com a colonização inglesa. No entanto, foram os holandeses que fundaram Nova York – na época, chamada Nova Amsterdã – e produziram a primeira cerveja nos EUA, quando em 1912 ergueram a primeira cervejaria, na cidade de Manhattan.
Depois dos holandeses, foram os ingleses que estabeleceram outra cervejaria, na Filadélfia, e daí em diante começaram a surgir outras e outras pequenas cervejarias artesanais. Cada uma com o estilo de seus fundadores, imprimindo novos hábitos de consumo.
As “portes” e as “real ales”, trazidas pelos ingleses eram consumidas em abundância nos “saloons”; mais tarde, as “lagers” chegadas da Baviera, mais leves e douradas, caíram no gosto dos americanos.
Foram muitos os fatores que frearam a produção de cerveja nos EUA: a Guerra da Independência, a Lei Seca, criada em nome da moral, dos bons costumes e da família… Porém, sua criação fez surgir a máfia, aumentou o contrabando e os índices de criminalidade. Revogada essa lei, nem deu tempo para os cervejeiros se reerguerem e já veio a Segunda Guerra Mundial. O movimento de proibição ainda era muito forte, as vozes dos bons costumes gritavam, inibindo o surgimento de novas cervejarias artesanais, já que tinham que racionar os grãos. Tudo isso fez com que somente as grandes como a Anheuser-Bush (Budweiser), Miller e Coors resistissem.
Com a evolução da indústria pós-guerra, a produção da cerveja cresceu em volume, mas concentrada nessas 3 cervejarias de distribuição nacional, com o mesmo conteúdo lager sem graça e praticamente impossível de se diferenciar uma da outra. Porém, aproximadamente na década 60, cervejeiros caseiros começaram um movimento que se espalhou pelo país inteiro e hoje é uma febre. Esse movimento é conhecido como “craft brewing” e hoje os EUA já tem algo em torno de 1300 micro-cervejarias artesanais em operação. Caracterizadas pela releitura de estilos já existentes de cerveja.
De sabores mais intensos, incluem stouts do tipo europeu clássico, porém mais ricas, torradas, que tudo já se fez na Irlanda; ales mais encorpadas e amargas que qualquer outra da Grã-Bretanha; cervejas de trigo tão condimentadas que podem fazer um bávaro engasgar e pilsners mais aromáticas que as tchecas.
Resumindo: os americanos não param de inventar novidades cervejeiras, então vale a pena ficarmos atentos.