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“Meu leite secou”: desconstruindo mitos

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Foto: Krisztina.Konczos via Visualhunt.com / CC BY-SA

Há pouco tempo, circulou pela internet o desabafo de uma famosa sobre sua frustração por não conseguir amamentar. Dentre as causas para o insucesso do aleitamento, ela citava que seu “leite secou” e que suas mamas ficaram muito feridas.

Isso nos desperta para uma discussão importante sobre o aleitamento materno: precisamos desconstruir mitos. O primeiro deles é o de que a amamentação é como cena de novela ou cartaz de propaganda: mãe e recém-nascidos tranquilos, cheirosos, sem dor e sem olheiras!

A amamentação é, sim, muito prazerosa e um dos melhores momentos que a mãe pode desfrutar com seu bebê. No entanto, embora o instinto para se alimentar esteja presente no recém-nascido, amamentar é um processo aprendido, construído pela mãe e pelo filho que ainda estão se conhecendo. Sendo assim, é natural que, no início, existam dúvidas, inseguranças e dificuldades.

Dentre outros tantos que ouvimos por aí, o mito de que o “leite secou” é perpetuado na nossa cultura como sendo má sorte da mulher que não conseguiu produzir leite suficiente. Quem não conhece uma prima da amiga da vizinha que queria muito amamentar, mas “não teve leite”?

A hipogalactia (baixa produção de leite) existe mesmo, porém ela está presente em apenas 1% das mulheres, tendo estreita relação com doenças como diabetes, hipotireoidismo e com cirurgias de redução de mama com técnicas que não preservam o tecido mamário. Nos outros 99% dos casos em que o leite “seca”, o que existe não é um problema anatomofuncional, mas sim um manejo incorreto da amamentação.

Para o corpo, a conta é simples: quanto mais o bebê mama, mais leite precisa ser produzido. E o inverso, idem. Se, por algum motivo, o bebê não consegue mamar o suficiente para esvaziar a mama, o corpo entende que pode diminuir o ritmo de produção e é aí que a mulher entende que o leite está “secando”.

Comportamentos como irritabilidade, choro excessivo enquanto mama, ou necessidade de ficar muito tempo no peito podem ser sinais de que o bebê está com dificuldades para mamar. Por não conseguir extrair o leite de maneira eficiente, ele apresenta constantes sinais de fome, levando a mãe a pensar que seu leite é fraco, que não sustenta, e esse é o primeiro passo para a introdução de fórmulas artificiais e mamadeiras, que vão diminuir ainda mais a frequência das mamadas e, consequentemente, a produção láctea (já viu a bola de neve, né?!).

É importante saber que as dificuldades para amamentar podem existir. É mais importante ainda saber que para quase todas elas existe solução e que o processo de adaptação leva mesmo alguns dias. No caso de dúvidas, uma avaliação profissional cuidadosa poderá identificar as causas dessas dificuldades, solucioná-las e orientar a família e propiciar suporte técnico e emocional nesse momento tão especial!

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