As expressões são até parecidas, mas os significados são muito distintos! O primeiro, mais comum, relaciona-se a uma sequência de acontecimentos desagradáveis, viciados, defeituosos, imperfeitos ou corrompidos. Estes acontecem e têm como consequência outros, igualmente nefastos e que, ciclicamente, não se solucionam.
Quando ao segundo, ao contrário, refere-se a uma sequência de acontecimentos positivos, que geram outros, e assim sucessiva e ciclicamente. O termo virtuoso vem do latim virtuose, que significa: todo aquele que domina em alto grau uma técnica. Então, não seria errôneo concluir que virtuoso está relacionado à excelência.
Quando transferimos ambos os conceitos para o mundo corporativo, podemos perceber aspectos interessantes. Tenhamos em tela a seguinte circunstância específica: uma empresa tem suas vendas reduzidas, em virtude de uma crise que se apresenta num país qualquer, gerando redução nas receitas, fazendo com que haja necessidade de redução de despesas, de forma a manter o lucro em níveis aceitáveis. Os cortes, indiscriminadamente, não poupam nenhuma das áreas operacionais, inclusive Treinamento e Desenvolvimento, subsistema de Recursos Humanos, visto como supérfluo algumas vezes.
Pois bem, o que se espera em momentos de crise é que as pessoas produzam mais e melhor, pois, eventualmente, houve a necessidade da dispensa de colaboradores. Para isto, necessitam estar capacitadas, preparadas e motivadas. Mas, como não há dinheiro para isso, são relegadas pela gestão ao segundo (ou terceiro!) plano. Consequência clara é que estarão sobrecarregadas, sem novas habilidades e competências, e desmotivadas, fazendo com que produzam menos, gerando resultados ruins para a empresa. Temos um caso de ciclo vicioso aqui onde a falta de estratégia no corte de gastos, decorrente da crise, gerou perda da qualidade da mão de obra e no serviço por ela oferecido, impactando nos produtos e serviços oferecidos pela empresa, que fará com que perca ainda mais vendas. E por aí vai! A pergunta lógica é: como podem as empresas sair de um ciclo vicioso e transformá-lo em virtuoso?
Um dos aspectos a destacar é entender que as empresas são compostas por pessoas e que, portanto, em momentos de crise ou não, elas serão sempre o fiel da balança. Colocar as pessoas certas nos lugares certos, investir em processos de recrutamento e seleção cuidadosamente, capacitar os colaboradores, através de uma politica de treinamento e desenvolvimento eficaz, e desenvolver um sentido de significado e pertencimento em cada um, traz resultados positivos. Estas ações gerarão a minimização de retrabalhos e ocorrência de erros, redução de custos e favorecimento no clima organizacional, por construir equipes harmoniosas com a cultura e necessidades da empresa.
Outro aspecto importante é investir na capacitação da liderança. O líder deverá ser o exemplo e o espelho dos comportamentos que se prega internamente na organização. Para isso, deverá ser submetido a processos de coaching e treinamentos a fim de afiar, ainda mais, suas competências comportamentais e técnicas com foco no desenvolvimento para a alta performance.
A eficiência da liderança impacta substancialmente os resultados da equipe. Existe uma história que reflete o que pensam alguns executivos graduados: um diretor conversa com seu presidente sobre o risco de investir em um determinado líder e, logo em seguida, ele sair da empresa e ir para a concorrência; o presidente responde sabiamente que o problema maior residiria em não capacitar aquele líder e ele permanecer na empresa!
Um terceiro aspecto reside no planejamento, monitoramento e nas ações de ajuste necessárias em tempo hábil. As crises são cíclicas, vêm e vão, e uma empresa não deve pensar no que fazer quando elas já batem à porta. Corporações devem sempre ter suas metas, objetivos e planos sendo monitorados e ajustando-os a qualquer tempo. A utilização de indicadores de performance internos e externos pode ajudar substancialmente a identificar quando não estiver bem, ou abaixo do esperado e, imediatamente, tomar ações.
Empresas podem transformar um ciclo vicioso em um ciclo virtuoso. Imagine se, no caso trazido à tela, o investimento nas equipes e lideres não tivesse sido cortado e, ao contrário, houvesse um esforço no sentido de incrementar a performance individual e do grupo, logicamente mensurada objetivamente por indicadores de performance adequados? Quais teriam sido os ganhos da empresa?
Como diz uma música: “a lição sabemos de cor, só nos resta aprender”.