Por conta dos avanços da qualidade de vida e da medicina, um entre três brasileiros terá pelo menos 60 anos em 2050, projeta o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A expectativa média de vida, que, meio século atrás, mal passava dos 50 anos, já beira os 75 no Brasil do século XXI. Em 2020, que já desponta no horizonte, ter 60 anos ou mais será fato trivial para 28 milhões de pessoas, oito milhões a mais do que atualmente.
Nos próximos anos, haverá um avanço significativo em uma medicina antienvelhecimento e a expectativa de vida até 2100 está projetada para ser de 150 anos, com um corpo humano que poderá permanecer funcional (para o mercado de trabalho) até os 90 anos.
O ser humano conquistará uma vida mais longa ao longo do século XXI, mas o que significa para as pessoas no início do século “viver mais” e o que elas pretendem fazer com esse tempo adicional em suas próprias vidas?
Neste cenário de que até 2050 um terço da população mundial terá 60 anos ou mais, sendo maior do que o grupo populacional de crianças e adolescentes (0 a 15 anos, segundo os demógrafos), precisamos começar a refletir e a difundir a ideia de que não se trata de “envelhecer” – e sim de “viver mais”. É coisa do passado o rígido receituário que prescrevia idades ideais para ter filhos, mudar de carreira, se aposentar. O ritmo vertiginoso das mudanças em curso na sociedade e na economia vêm colocando as pessoas diante de novos desafios. Saber entendê-los pode fazer a diferença quando estamos abertos a novas oportunidades de realização pessoal e profissional.
Então, ter mais de 60 anos não pode seguir significando “ser ou estar ficando velho”. É preciso começar a postergar a ideia da “velhice” para depois dos 80 anos já que uma grande massa de pessoas (entre 60 e 75 a 80 anos) permanecerão ativas.
Muito se fala atualmente em “envelhecimento ativo”, mas devemos falar em “longevidade ativa” – mantendo as principais atividades da vida em pleno funcionamento, especialmente as atividades laborais e econômicas. Manter as atividades tem um papel fundamental em postergar o processo de deterioração física e mental associada ao envelhecimento. Além disso, possibilita que uma vida longa possa se sustentar sem causar impactos socioeconômicos, culturais e ambientais significativos, ou seja, coloca o fenômeno demográfico da longevidade sobre bases sustentáveis.
A gestão sustentável é uma capacidade assentada em um tripé: pessoas, lucro e planeta (Triple-P bottom line: people, profit and planet). Assim, para dirigir o curso de uma empresa, comunidade ou país de forma sustentável, é preciso implementar processos que valorizem e recuperem todas as formas de capital: humano, financeiro e natural.
A longevidade demanda uma gestão sustentável em 4 principais sistemas que permeiam a vida humana: o sistema econômico (tem que ser economicamente viável); o social (tem que ser socialmente justo); o ambiental (tem que ser ecologicamente correto e consciente) e o cultural (com toda a sua diversidade).
Suscitada a reflexão acerca do significado de longevidade, é preciso estimular, por meio de ações (o que a pessoa vai fazer a respeito de ter que lidar com o longo prazo), mudanças estruturais na sociedade, em múltiplas dimensões (educação, saúde, mobilidade urbana, meio ambiente, relações laborais, finanças, desenvolvimento profissional, etc).
O aumento da longevidade significa um enorme desafio para o governo e para a sociedade. Muita coisa precisa mudar: carreira, saúde, bem estar, família, economia e comportamento. Para viabilizar de forma coordenada este conjunto de ações, é necessária a articulação de projetos envolvendo os atores integrantes das diversas dimensões do capital humano: administração pública, empresas, universidades, associações civis, entidades de representação, entidades de classe e demais instituições.
Mas, sobretudo, são necessárias mudanças de comportamento: o que faremos nós, cada um integrante da sociedade, HOJE para gerar um resultado positivo a esse FUTURO tão longevo que nos aguarda?