QUE BRANDO PADRÕES
Conhecida como a Javali de “Pé Na Cova”, Hélady Araújo quebra as barreiras dos padrões de beleza da televisão e prova que o talento deve ser mais valorizado que o manequim 38. Morando no Recreio há um pouco mais de dois meses, a atriz fala, nesta entrevista, sobre sua descoberta na profissão e como lida com a saúde, provando ser um exemplo para meninos e meninas fora do padrão. Na matéria, Hélady também divide com os leitores seus projetos futuros na carreira, no teatro e na internet. Confira:_ Por Rita de Cássia Costa
Quando você percebeu que seguiria a carreira de atriz?
Percebi isso quando ainda era pequena, aos seis anos, na peça Branca de Neve e os Sete Anões. Na época, minha mãe colocou os três filhos pra ajudar nas despesas e eu fiquei fascinada com tudo.
Como foi sua trajetória na carreira até aqui?
Aos seis anos, fiz seis dos sete anões, e só em 2001 voltei a ter contato com a arte. Fiz um workshop de interpretação pra TV com a grande diretora Cininha de Paula e em 2006 voltei para arte. De lá pra cá, já fiz oito peças, um curta, três longas, vários personagens na TV.
Sabemos que, infelizmente, a indústria acaba cobrando que atrizes tenham corpos perfeitos e ostentem isso como ideal para outras mulheres. Como foi a aceitação do seu próprio corpo nesse meio? Demorou? Você enfrentou ou enfrenta algum tipo de preconceito?
O preconceito existe e é muito triste, o obeso sofre preconceito na vida. Depois de conhecer o mundo plus size, a minha forma de encarar a vida se transformou. Hoje me sinto muito gostosa para vestir 38.
Nossa edição falará sobre nutrição e saúde, mas quebrando justamente esse paradigma que acha que apenas pessoas magras são felizes e saudáveis. Gostaria que você compartilhasse conosco sua rotina alimentar ou mesmo seus exercícios. Você tem esse hábito? Se preocupa com sua saúde e bem-estar?
Hoje, sim, mesmo sendo gordinha eu me cuido, tento não exceder em nada, gosto de legumes e frutas, mantenho sempre esses alimentos nas minhas refeições. Claro que tem aqueles dias que não me privo de nada. Faço caminhada e exercícios na piscina quase todos os dias.
Você já chegou a fazer alguma dieta louca em busca do suposto “corpo perfeito”? Se arrepende de alguma delas? O que isso causou na sua vida?
Na adolescência, fiz tudo para tentar mudar meu corpo e agradar a sociedade, incluindo bulimia invertida. O ato de comer muito e tomar laxante pra evacuar me gerou uma perda de potássio grave e parei. Com fórmula pra emagrecer, na época, emagreci 22 quilos e depois engordei 44. Hoje não faço mais nada pra agradar a sociedade. Meu corpo, minhas regras.
Voltando ao seu trabalho, qual foi o mais marcante? Aquele pelo qual você tem mais carinho?
Sem dúvida nenhuma, foi a linda e amada Dircéia, ou popularmente conhecida como Javali. Pé na Cova foi um divisor de águas na minha carreira. Devo isso ao meu grande amor Miguel Falabella. Sempre fui fã e a vida nos uniu. Mas calma, gente, é um amor puro.
Quando criança, uma das perguntas mais tradicionais é “o que você vai ser quando crescer?”. Além de atriz, você já pensou em ser outra coisa?
Já quis ser advogada, delegada federal ou promotora, mas descobri uma profissão que posso ser tudo.
Você tem ou teve influências na sua profissão? Quem são essas pessoas e por qual motivo elas foram importantes na sua carreira?
Na infância, tive a influência de uma atriz com quem convivi por um longo período, despertando assim a vontade de fazer o mesmo.
Quais as suas próximas empreitadas? Pode adiantar algum projeto futuro?
Esse ano, estreia o longa que fiz parte “Ninguém entra, ninguém sai”, com direção de Hsu Chien, e vem aí a segunda temporada de “Babação” do querido autor Rodrigo Murat e com a direção do querido Luan Moreno.
Sobre o bairro, há quanto tempo mora no Recreio?
Há 2 meses.
Por que escolheu o bairro para morar?
Gosto da região, facilita muito estar perto dos estúdios e produtoras, a classe artística se concentra na zona oeste, né?