Certamente, você já ouviu falar sobre o veganismo. Mas, ao contrário do que muita gente pensa, ser vegano vai muito além de mudar a dieta. Sendo muito mais profundo que isso, adotar o veganismo é ter uma filosofia de vida: a que cuida e protege os animais. Hoje, dia primeiro de novembro, é o dia Mundial do Veganismo, pensando nisso, conversamos com duas mulheres que praticam o ato, a Priscilla Viana, advogada, professora de yoga e vegana há dois anos, e Michelle Duarte, professora da Educação Infantil e ativista vegana há um pouco mais de dois anos.
Juntas, eles são administradoras do grupo Veganismo Popular no Facebook que possui mais de 30 mil membros e tem como objetivo mostrar o lado fácil, rápido e barato da alimentação dos veganos. Priscilla era ovolactovegetariana (quem come vegetal, ovos, leite e derivados) três anos antes de adotar a filosofia. “Quando parei de comer carne comecei a pesquisar receitas na Internet e acabei achando páginas e grupos de veganismo. Depois de um tempo passei a ter uma alimentação vegetariana estrita durante a semana e só quando saia ou ia comer na casa de alguém que comia derivados animas. Passei a dar preferência aos produtos de higiene, limpeza e cosméticos veganos”, conta a advogada.
Já a Michelle começou a pensar na filosofia depois de ter visto ativistas veganos promovendo uma ação pela causa. “Eu estava andando na Avenida Paulista, em São Paulo e vi ativistas fazendo alguma ação. Eles estavam com cartazes de animais e vi de relance um vídeo em que aparecia uma vaca. Eu não parei para ler os cartazes nem para ver o vídeo, só percebi que se tratava de algo ruim. No outro dia, resolvi deixar de comer carnes. Mas achava que vegetarianismo era coisa de gente fitness. E nunca tinha ouvido falar em veganismo. Mas aí foi a minha entrada, onde tudo começou”, ela explica.
Começando de forma gradual, ambas atualmente lutam pelo direito dos animais. Michelle, por um conselho de uma amiga, foi cortando as carnes aos poucos e só ia comendo derivados do leite e ovos: “eu fui pesquisando, fui entrando em grupos e aderindo. Achava que já estava contribuindo para a causa animal como muitos acham, mas me enganei. Um dia saí com um amigo vegano que me falou sobre a indústria do leite e dos ovos. Me mandou um vídeo, me contou do mal que os laticínios fazem no corpo e, pior, da exploração que os animais como galinhas, pintinhos, vacas e bezerros estão expostos até o fim da vida.”. Assim como Michelle, a Priscilla conta que depois de ter acesso à informação de como os alimentos, além das carnes, são processados, começou a se atentar mais para o veganismo. “Depois de saber como funciona a indústria de exploração animal, em casa eu fazia o máximo para me aproximar do veganismo. O que mais pesou na transição foi lidar com a estranheza das pessoas, a não aceitação. Até que em novembro de 2015 eu decidi que não dava mais para fazer concessões apenas pelo medo do embate, de ter que argumentar. Não estava sendo verdadeira comigo e, principalmente, com os animais e a causa. Então a partir daí me tornei vegana”, conta Priscilla.
Mesmo sendo aos poucos, Michelle se consultou com uma nutricionista para mudar a alimentação. “Fui ao nutricionista para ver como estava a questão da vitamina da b12 – encontrada nas carnes”, diz a professora. Por outro lado, Priscilla diz que não precisou de profissionais em sua transição: “tem muita informação na Internet”, conta.
Por respeito, ética e amor aos animais, hoje, elas lutam pela filosofia que tomaram e incentivam àqueles que ainda não a aderiram. “No início pode parecer difícil, mas quando a gente se coloca na condição do animal não humano, a gente percebe que é muito mais difícil para eles”, conta Priscilla, e Michelle completa: “o veganismo é para todas as pessoas sem nenhuma distinção de cor ou classe social”.