Estima-se que a mulher faz uso de cerca de dez absorventes descartáveis em cada ciclo menstrual, e de dez mil a 15 mil, da puberdade até a menopausa. Como no Brasil não existe reciclagem para esse tipo de resíduo, esses absorventes acabam indo parar em lixões e aterros sanitários, causando um problema ambiental. São produzidos 20 bilhões de rejeitos por ano.
Produção
A tecnologia do absorvente íntimo descartável se assemelha à das fraldas, com o uso de árvores e petróleo como matérias-primas para sua fabricação. O absorvente externo é composto basicamente por celulose, polietileno, propileno, adesivos termoplásticos, papel siliconado, polímero superabsorvente e agente controlador de odor.
Já os absorventes internos, também conhecidos como tampões, diferem dos absorventes externos na sua composição. Eles são constituídos principalmente por algodão, rayon (seda artificial), poliéster, polietileno, polipropileno e fibras.
O principal impacto ambiental desses produtos começa na extração e no processamento das matérias-primas, que se baseiam na produção dos plásticos (petróleo) e da celulose (árvores). Como a produção de plástico requer muita energia e cria resíduos de longa duração, é um produto de pegada ambiental elevada. E a celulose é uma matéria-prima que tem de ser bem fiscalizada para garantir a sua origem sustentável (madeira certificada). Não só a produção do absorvente descartável em si, mas os componentes extras, como a embalagem e serviços, como a logística de transporte das matérias-primas e do produto, geram impactos no ciclo de vida do produto.
Pós-consumo
Os absorventes higiênicos são, depois de utilizados, dispostos em lixões ou aterros sanitários, criando uma quantidade significativa de resíduos compostos por materiais sintéticos, que demoram em média 100 anos para se decomporem. Além do mais, podem contaminar o ambiente por conterem aditivos químicos, que foram utilizados na sua fabricação, e podem produzir dioxinas (oriundas do branqueamento da celulose) que persistem no meio ambiente.
Alternativas
Para aquelas que buscam alternativas de produtos mais ecológicos, e sem química nociva em sua composição, vale a pena dar uma olhada nas opções que existem para verificar se alguma delas é adequada para você: absorventes de pano, soft-tampo, absorvente biodegradável, coletor menstrual e calcinhas absorventes. Falarei apenas sobre o coletor e a calcinha.
Coletor menstrual
O coletor menstrual é um copo de silicone hipoalérgico (não causa alergia) que é utilizado para coletar o sangue menstrual. Existem dois tipos, A e B, e o tamanho é baseado na tonicidade do assoalho pélvico que naturalmente diminui e perde elasticidade e também devido à gestação. Adolescentes que ainda não têm sua vida sexual ativa também podem usar e tem até uma versão teens.
Ele pode ser usado numa média de 8 horas por vez, podendo chegar até 12h, no máximo, dependendo da intensidade do fluxo, e depois é necessário esvaziá-lo e limpá-lo com água e sabão neutro. Recomenda-se que, antes do primeiro uso, esterilize o copo em água, fervendo durante três minutos.
Eles são reutilizáveis, não contêm dioxina nem rayon e são fáceis de manter. É uma alternativa mais ecológica, por evitar a geração de resíduos sólidos, e mais econômica, pois o produto pode ser utilizado por 10 anos, fazendo com que as mulheres economizem em absorventes descartáveis. Ele permite que as mulheres façam exercícios e sexo oral durante o período menstrual.
Explicações de como colocar e como retirar você pode pesquisar nos sites onde vendem, mas também vem um papel explicando passo a passo quando você recebe o produto.
Hoje em dia, existem várias marcas que comercializam o produto no Brasil, mas as marcas mais conhecidas são: Inciclo e Fleurity. A faixa de preço varia entre R$ 89,90 a R$ 149,00. Você compra dois copos de cada tipo. (A e B) Você também pode comprar o coletor e uma panelinha para ferver o copo nele.
Minha experiência
Eu comprei o meu coletor em 2016 pela marca Inciclo e paguei na época o valor de R$ 89,00 e vinha junto a panelinha. Confesso que demorei um pouco para me acostumar, na verdade, foi só no final do ano passado que tomei coragem para usá-lo novamente. A questão é que é bem complicadinho colocá-lo, mas, depois que você pega o jeito e não deixa vazar, é mil maravilhas. Para quem já está acostumada a colocar absorvente interno, imagino que não terá problema porque o coletor fica bem mais a baixo, você não precisa empurrar até o fundo. Eu nunca usei o tampão, por isso tive mais dificuldade.
Já estou no meu terceiro fluxo usando o coletor menstrual e já economizei (no total) R$ 60 reais (pois comprava o de 32 unidades) e evitei que fossem descartados, em média, 30 absorventes durante o período menstrual (no total, deixei de usar 90 absorventes).
Queria compartilhar com vocês uma história: quantas vezes vocês deixaram de ir à piscina e à praia porque estavam menstruadas? Eu já e era horrível porque estava muito quente e queria aproveitar. Ano passado, meus amigos me chamaram para fazer trilha e depois ir à praia. Imaginem perder essa aventura? Coloquei o coletor menstrual de manhã e fui sem precisar me preocupar e só troquei uma vez para poder aproveitar a praia depois.
Calcinha com camada absorvente
A calcinha com camada absorvente é uma calcinha que contém um material capaz de conter o fluxo menstrual, sendo, ao mesmo tempo, à prova de manchas. A função dessa calcinha, segundo uma das fabricantes, é reter o líquido, impedir vazamento, matar germes e bactérias e garantir a pele seca.
Existem opções com camadas absorventes de maior capacidade de retenção (equivalente a dois absorventes internos médios) e de menor capacidade de retenção. A vantagem é que ela é reutilizável, podendo ser lavada e utilizada novamente, como uma calcinha normal. As calcinhas Pantys duram 50 lavagens com toda funcionalidade anti-bacterial (aproximadamente 2 anos).
As calcinhas absorventes podem ser usadas por 12h. O material é composto por quatro camadas: a primeira é de fibras naturais superfinos e confortáveis; segunda, anti-bacteriana, pois mata as bactérias e reduz os odores; terceira, super absorvente com alta capacidade e super funcional; e a última à prova d’água.
O fabricante que comercializa esse produto no Brasil é da marca Pantys. Usando Pantys, em um ano você reduz 500 absorventes descartáveis que equivalem a R$400 e 4000g de lixo.
Minha experiência:
Eu comprei apenas uma calcinha absorvente para testar, mas o correto é comprar a quantidade de acordo com os dias do seu período menstrual. Ela leva um dia para secar, então façam as contas: como eu tenho 5 dias, eu deveria comprar pelo menos três.
Usei-a para dormir no meu primeiro dia de menstruação, quando o fluxo é mais intenso. Infelizmente, não tive sorte e vazou. Mas não desisti. Nas primeiras vezes que eu usei o coletor, ele vazou um pouco porque estava mal colocado, isso acontece. Então, não se desesperem. Tente de novo.
Eu aconselharia a comprar o coletor menstrual primeiro para ver como vocês se adaptam. As calcinhas absorventes podem ser usadas também como “back-up” junto com outros produtos para menstruação.