Por mais que os educadores financeiros sugiram que as pessoas e empresas se preparem sempre para situações emergenciais, ninguém podia imaginar o que o mundo todo vive neste momento. As medidas de isolamento para conter o avanço de Covid-19 estão impactando as empresas com queda nas receitas, incerteza quanto ao futuro dos empregados e preocupação com gastos imprevistos. Entretanto, esse momento pede cautela e não desespero.
É hora de analisar o orçamento da empresa para enfrentar o período de turbulência, ainda sem data para acabar. Muitas não sabem quanto gastam mensalmente, mas é preciso dimensionar as despesas fixas para calcular quanto tempo o dinheiro que se tem em caixa consegue segurar.
A partir daí, a primeira orientação é não fazer gastos desnecessários nesse momento a não ser que tenha o dinheiro em caixa para já pagar à vista. A segunda recomendação é tentar negociar gastos fixos, como aluguel, por exemplo. Para isso, vale tentar estimar quanto conseguirá faturar pelos próximos 3 meses e quanto poderá faltar para cobrir as despesas mensais. Aí é possível fazer o ajuste de forma que as contas fixas se encaixem na nova realidade da empresa. Na hora de argumentar, é importante colocar para o locatário, por exemplo, que mais vale reduzir o valor por um período e poder voltar a pagar em breve do que correr o risco de o negócio fechar e o contrato acabar.
Se a empresa já estava com dificuldades para honrar o pagamento de dívidas, é hora de procurar a instituição financeira para renegociar. Muitas estão dando carência e outras condições especiais. Se não conseguir uma renegociação, uma alternativa é tentar a portabilidade da dívida para outra instituição financeira com um prazo de pagamento maior ou taxa menor. Depois, outra possibilidade é pensar em substituir itens que usa sempre por outros mais baratos. Por exemplo: se atuar no setor alimentício, substitua alimentos que subiram muito de preço por outros que podem dar um gosto semelhante ou com o mesmo valor nutritivo.
Apenas quem fizer as contas logo de cara e verificar onde é possível cortar custos ou renegociar contratos é que vai conseguir manter o negócio em funcionamento no pós-coronavírus.
O governo federal chegou a liberar uma linha de crédito de R$ 40 bilhões para financiar salários de trabalhadores de pequenas e médias empresas. No entanto, a quantia será limitada a dois salários mínimos por funcionário. Além disso, quem optar pela linha de crédito não poderá demitir o empregado durante o período. A empresa terá carência de 6 meses para começar a pagar o empréstimo que poderá ser parcelado em 36 meses.
O setor bancário também já adotou algumas medidas para tentar amenizar o impacto econômico decorrente da pandemia. Banco do Brasil, Bradesco, Caixa Econômica Federal, Itaú Unibanco e Santander se disseram dispostos a atender pedidos de prorrogação, por 60 dias, dos vencimentos de dívidas de clientes pessoas físicas e micro e pequenas empresas para os contratos vigentes em dia e limitados aos valores que já foram usados pelo consumidor.
Outra iniciativa que pode valer a pena é rever onde o dinheiro da empresa, se houver, está investido. Opções seguras neste momento são Tesouro Selic e fundo DI, desde que com taxas baixas.
Se precisar de dinheiro, é aconselhável consultar as linhas de financiamento do governo. Já quem precisar pegar empréstimo com instituição financeira privada, a dica é fugir de créditos de curto prazo, como cheque especial e cartão de crédito, que têm juros altíssimos. Uma boa opção é ver as condições oferecidas pelas fintechs. Elas oferecem dinheiro com e sem garantia a taxas mais competitivas e de forma 100% digital.