A maior parte da pesquisa neurocientífica se concentra no conteúdo básico do estudo, vital para tornar alunos aptos a atuar em sociedades modernas, apoiando atividades práticas cotidianas, como cozinhar ou gerenciar o dinheiro.
Tal como a leitura e a escrita, a matemática é criada no cérebro por meio de conexões entre a biologia e experiência, da mesma forma que há nele estruturas projetadas por meio da evolução da linguagem. Essas estruturas não podem processar sozinhas esse conhecimento. Suas atividades são coordenadas com circuitos neurais não especificamente destinados a este fim, mas foram moldados para se adequar a essa função por meio de experiência.
As estruturas neurais da matemática não podem utilizar qualquer área do cérebro. Algumas dessas áreas são recrutadas por serem mais neuroplásticas e terem propriedades que se conectam para tal função. Portanto, a matemática envolve funcionamento cooperativo de redes neurais que incluem estruturas geneticamente herdadas e outras de experiências práticas.
Como o circuito que serve como base do aprendizado numérico é formado tanto por fatores inatos quanto ambientais, a neurociência pode ser útil para a didática envolvendo a matemática de pelo menos duas maneiras. Primeiro, para a compreensão dos fatores biológicos em contribuir para planejar a instrução da matemática de forma coerente com predisposições desses fatores. Segundo, por poder rastrear os efeitos neurobiológicos das várias formas de instrução e delinear os caminhos de aprendizado de base para o conhecimento. Com esse olhar, educadores estarão mais aptos para desenvolver alternativas inclusivas, que acomodem diferenças individuais.
O córtex parietal de fato tem um papel fundamental em várias operações matemáticas. Pessoas com lesões nessa área sentem efeitos devastadores nas suas habilidades matemáticas, a ponto de não poder responder a perguntas simples, como que número se encontra entre 3 e 5. No entanto, elas não têm dificuldade em identificar o mês entre junho e agosto, ou a nota musical entre dó e mi. Esse padrão revela dois princípios da matemática no cérebro. Primeiro, ela é independente de outros domínios cognitivos. Segundo, suas características podem ser dissociadas uma das outras. Portanto, o primeiro princípio apoia a teoria de uma multiplicidade de inteligências. Isso sugere que deficiências ou talentos em domínios particulares não necessariamente resultam em deficiências ou talentos em outros.
Uma criança pode ter problemas para ler, mas ter boas habilidades matemáticas. Assim, é importante que os professores proporcionem caminhos flexíveis para o desenvolvimento do aluno.