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Os melhores livros sobre rock para seu isolamento

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Pandemia, isolamento, quarentena… Essas três palavras nos levaram aos livros. Para além dos livros óbvios de literatura e autoajuda, bastante consumidos nesses tempos, podemos também incentivar o conhecimento e divulgação de livros sobre rock e sobre música, por que não?  

Duas paixões nunca abandonadas, ler e escutar música tem sido fundamental para mim nesta etapa longe das aglomerações. Então, resolvi compartilhar com vocês algumas dicas de livros sobre música, especialmente rock, que fizeram parte da minha formação musical e acredito na de muitos de vocês também.  

O livro “Dias de Luta – o Rock e o Brasil dos anos 80”, de Ricardo Alexandre, jornalista e escritor, crítico musical e ex-diretor da Revista BizzTrip e outras, é uma verdadeira pérola pop-rock, com visual dark, neon, gelo seco, laser no palco, tal como um RPM, ou ainda, é a espontaneidade, a alegria e o hedonismo incontidos. Sem falar na ironia e discurso jovem antenado de uma Blitz, Gang 90 tocando numa danceteria da moda, e ainda tem a boemia Stones-Lupicínio Rodrigues de um Barão Vermelho temperado com o ska malandro dos Paralamas de bermudas e suas palmeiras de plástico no palco do Rock in Rio ou a fúria Titânica de uma Legião Urbana na lona do Circo Voador. O livro de 439 páginas da Arquipélago Editorial é um achado e foi originariamente lançado em 2002, ficando vários anos fora de catálogo, sendo relançado em uma edição de capa bacana (simulando videogame de 8-bits com os perfis dos rockers dos anos 80 que são os personagens do livro). E agora ainda vem com uma listinha bacana das 50 melhores músicas para baixar no celular, o que não tinha, é claro, em 2002. Fora isso, agora temos a edição caprichada de ebook, com links para os álbuns e músicas citadas (para comprar).  

Outro livro essencial do Ricardo é “Cheguei bem a tempo de ver o palco desabar”, em que o autor conta a história não-autorizada da melhor geração do rock brasileiro (em qualidade para muitos). O cenário é o Brasil redemocratizado, globalizado, jovem e esperançoso dos anos 1990 e 2000. Os últimos anos em que acreditávamos que uma canção podia mudar o mundo. Um retrato da música pop produzida por Raimundos, Skank, Chico Science & Nação Zumbi, Charlie Brown Jr., Planet Hemp, Mamonas Assassinas e tantos outros – uma geração que ganha significado histórico a cada ano que passa.  

Mais uma indicação é do “Rio Fanzine: 18 anos de cultura alternativa”, de Carlos Albuquerque e Tom Leão (esgotado, sendo encontrado somente em sebos na web e físicos). Esse livro trata de uma coluna (na verdade, uma folha, às vezes mais de uma), de um caderno de cultura de jornal que marcou época. Os autores, o surfista que quase virou biólogo marinho Calos Albuquerque (Calbuque) e o skatista punk ‘doce’ Tom Leão (até hoje dando dicas felinas na Globo News e no Twitter), tiveram a coragem e a audácia de trazerem a cultura alternativa underground (cinema, HQ, música, etc.), como se dizia à época, para as páginas centrais de cultura do jornal O Globo, com o convite de Ana Maria Bahiana, entre os anos de 1986 a 2004. E aí, o blogueiro aqui, como muitos de sua geração, descobriu Echo & The BunnymenTwin Peaks, O Rappa, Planet Hemp, entendeu melhor o grunge, a música eletrônica e o hip-hop, e foi apresentado ao Skank, Los Hermanos e tantos outros que hoje, de alternativo, só conservam a lembrança da origem.  É um guia de bolso para a formação musical e cultural de qualquer um que viveu ali entre os 80 e 2000 essa efervescência cultural dos fanzines antes da web se consolidar. O livro traz um apanhado de 18 anos da coluna, em um best-seller do que vingou no mainstream e que permaneceu selvagem demais para ser domesticado pelo grande público, especialmente nos dias de hoje, mais democráticos em informação, mas mais fechados em nichos popularescos.  

Para fechar com chave de ouro, “Do rock ao clássico: cem crônicas afetivas sobre música” (2019), de Artur Dapieve, da Editora Agir. Manhã de domingo, esse título na mão, corpo na rede. Preguiça de não fazer nada, ausência do que fazer na frente da linha do horizonte azul acima da colina esverdeada. Acabo de ler mais umas das cem crônicas do ótimo livro de Dapieve, me lembrando de um Nick Drake que comecei a ouvir graças ao mestre escritor, ou redescobrindo uma Joni Mitchell do ótimo álbum Blue, negligenciada por este escriba antes. O livro do jornalista do Globo News e ex-colunista do Globo também fez parte da minha formação. Artur é um craque do jornalismo cultural com livros lançados de assuntos, como o já clássico “Brock – o rock brasileiro dos anos 80” e “Renato Russo, o trovador solitário”, e hoje nos brinda com seu conhecimento cultural nas tardes da Globo News – em participações no programa Estúdio i, com Maria Beltrão. É mais um livro imperdível de formação cultural musical dividido em gêneros: o rock, que o arrebatou na adolescência, conforma a primeira parte; a segunda transita pelo rock nacional, batizado por ele de BRock; a terceira é dedicada à música popular brasileira e latina; a quarta representa sua descoberta dos ritmos da black music; a quinta é uma exaltação à música clássica, atualmente a mais ouvida pelo autor.  

 Espero que gostem das indicações.  

Boas leituras e sons! 

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