O Dia dos Namorados chegou, mas já se foi o tempo em que os relacionamentos heterossexuais eram os únicos contemplados nessa data. Cada vez mais atenta às demandas de inclusão, a publicidade vem abrindo espaço para que casais LGBT também apareçam nas propagandas relativas à data. Mas e o comércio? Ou, mais especificamente, e o comércio da região? Será que também está aberto para os relacionamentos que não se encaixam nos moldes heterossexuais?
Brenna Seixas, adestradora, conta que ela e a noiva, Thamires, nunca sofreram nenhuma violência, mas isso também acontece porque raramente são vistas como um casal. “Quando perguntam e falamos que somos um casal, nunca escutamos desaforo, mas vemos olhares de surpresa ou um nariz virado”, comenta. As duas se identificam como lésbicas e Brenna conta que ter se assumido aos 19 foi um momento importante em sua vida: “Foi como descobrir quem eu realmente era”.
Thamires, que é engenheira, lembra ainda de uma situação logo que elas haviam se mudado para cá, em torno de quatro anos atrás: “Havia uma promoção de rodízio que dizia que o valor da mulher saía com desconto. Comemos lá e não tivemos problemas, apesar de nenhuma das duas receber o desconto”, diz ela
Matheus Torrez, que é homossexual e também mora no Recreio, comenta que a luta LGBT não é por um tratamento diferenciado: “Nós não lutamos todos os dias para ter um tratamento privilegiado, somos clientes como os outros e só queremos respeito e igualdade”. Ele e o namorado nunca sofreram discriminação, mas os cuidados também são redobrados. Segundo ele, quem faz parte da comunidade LGBT acaba aprendendo a tomar esses cuidados, de uma forma ou de outra.
O consultor de viagens Igor Felix segue pelo mesmo caminho. Ele conta que também não sofreu nenhuma violência no bairro, mas atribui isso ao fato de não demonstrar muito carinho em público. “Eu não vejo um ambiente ainda favorável e amistoso, infelizmente, não por parte dos comerciantes, mas sim de alguns clientes mesmo, que, se veem alguma troca de carinho homossexual, ficam estranhando e comentando”, diz ele.
Entre os programas favoritos dos casais entrevistados, sair para comer parece ser a grande unanimidade. “Moramos bem próximo à padaria Rei do Recreio e ir no rodízio de pizza lá era a nossa saída mais frequente”, comenta Brenna. Já Matheus é fã de uma praia noturna e adora levar o namorado: “sinto uma energia surreal”.
Para a comemoração desse ano, no entanto, os planos se tornaram mais caseiros. “Está bem complicada ainda a situação, então provavelmente vamos optar por comer uma comida gostosa em casa, acompanhadas de um bom vinho e assistir ‘Imagine eu e você’, pois queremos uma comédia romântica leve pra terminar a noite”, conclui Thamires.
Seja para os namorados ou namoradas, a Utilità deseja um feliz dia 12 e espera que o Recreio se torne, cada vez mais, um espaço inclusivo e acolhedor para todos os casais.