Segundo a Organização Mundial da Saúde, 22% de todas as mortes têm como causa os problemas circulatórios. Esse dado preocupa ainda mais com a chegada do inverno já que ocorre a vasoconstrição das artérias periféricas, o que aumenta a resistência da circulação normal.
Uma das causas mais frequentes dos problemas circulatórios é a arterosclerose. Dores, cãibras, paralisias, e sensação de apertos ou fadigas de músculos durante a prática de exercícios e caminhadas, podem ser sintomas de arterosclerose dos membros inferiores.
O problema acontece por causa do depósito de gordura, cálcio e outros elementos na parede das artérias, que obstruem a circulação sanguínea. O desenvolvimento da doença é lento e progressivo. O mais perigoso é que normalmente quando há uma obstrução arterial significativa – que leva o paciente a apresentar sintomas por causa da falta de circulação – cerca de 75% do calibre da artéria, já está comprometido.
A arteriosclerose é uma doença sistêmica, que pode acometer simultaneamente diversas artérias do paciente. O quadro clínico de cada um vai depender de qual artéria está mais obstruída. Com exames como o Eco Doppler, por exemplo, podemos fazer o diagnóstico precoce, possibilitando que o tratamento comece a ser feito antes que a doença se agrave.
Segundo a Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular, estudos epidemiológicos mostraram que a arteriosclerose incide com maior frequência indivíduos que têm características, classificadas como “fatores de risco”. Entre eles está a idade, uma vez que a doença atinge pessoas na faixa de 50 a 70 anos. Homens também são mais propensos a desenvolver arteriosclerose. As mulheres são “protegidas” por causa da ação do hormônio feminino (estrogênio). Porém, após a menopausa essa “proteção “desaparece.
O especialista frisa que o cuidado com a alimentação – evitando principalmente as gorduras saturadas – e com o condicionamento físico – atividades físicas regulares – são instrumentos importantes para evitar a doença.
Arteriosclerose também aumento o risco de AVC
A insuficiência vascular cerebral é a terceira causa do óbito da população. Idade avançada, diabetes, fumo, hipertensão, colesterol elevado, obesidade, sedentarismo e histórico familiar de arteriosclerose, são alguns dos fatores de risco para obstrução das artérias carótidas e podem causar o AVC (acidente vascular cerebral).
O tratamento para o problema pode ser clínico ou cirúrgico, na dependência do grau de oclusão das artérias e intensidade do quadro clínico. No entanto, a melhor conduta é a prevenção, buscando a orientação de um especialista. A estenose da artéria carótida geralmente é uma doença silenciosa, onde o paciente não sente nada.
A placa de ateroma, de gordura, vai crescendo no interior dos vasos e vai obstruindo o fluxo de sangue para o sistema cerebral. Dessa forma, em 90% dos casos, a doença é silenciosa. Algumas vezes, pode acontecer de pequenas placas se soltarem e ocasionar ataques isquêmicos transitórios.
Os ataques isquêmicos transitórios são alterações neurológicas que muitas vezes afetam a motricidade, a fala ou a visão e que aparecem e vão embora, são transitórios. São, às vezes, sinais da existência de alguma placa que cresceu e soltou pequenos fragmentos. É um sinal que pode ter um comprometimento da artéria carótida. Quando o paciente já possui um histórico familiar de isquemia, possui colesterol alto, é sedentário, é importante sempre que se faça um exame de controle das carótidas.
Normalmente é utilizado o ecodoppler. Um exame similar a uma ultrassonografia e que faz um rastreamento desse tipo de doença. Quando se encontra placas importantes acima de 60% ou 80% e o médico identifica riscos para a saúde do paciente de acordo com as características, é pedido uma angiotomografia que é um exame mais invasivo e aí o profissional pode ter uma análise mais detalhada da obstrução e se há risco de um AVC.
O tratamento cirúrgico para desobstrução da carótida é realizado através angioplastia, onde através da técnica endovascular, é implantado um stent ou balão na carótida, por uma pequena punção na virilha, a fim de desobstruir as artérias doentes. Outra técnica é a cirurgia chamada endarterectomia, ou seja, a retirada das placas do interior da artéria. A técnica utilizada pelo cirurgião vascular vai depender do grau de obstrução das artérias e também se o paciente pode ter um stent implantado com segurança.
*Ricardo Brizzi é Angiologista e Cirurgião Vascular. É membro da Sociedade de Cirurgia Vascular do Rio de Janeiro e um dos responsáveis pelo setor de cirurgia vascular e endovascular dos Hospitais Badim, Israelita e Norte D’Or.