A teoria sistêmica aplicada na psicologia é uma grande aliada, já que vê nas relações e no que elas produzem uma fundamental importância. Observar as interações entre as pessoas nos ajuda a perceber o quanto essa pessoa foi influenciada, não somente pela vivência no meio familiar, mas também pela influência que o seu contexto social e cultural imprime no mesmo.
Essa abordagem, sempre focada na causa do sintoma, vai primeiramente fazer uma investigação do histórico familiar, suas crenças, princípios, mitos, segredos, etc. Essas informações colhidas através de ferramentas e questionamentos levam o paciente a uma viagem fascinante pelo seu passando e sua história, tenha ela sido suportável ou insuportável.
Através de técnicas terapêuticas, é propiciada ao paciente uma nova visão de sua vida, ressignificando as relações vividas em qualquer tempo. Chegando com esse trabalho inicial até o diagnóstico, iniciam as intervenções adequadas para cada caso.
Quem busca ajuda de um terapeuta vem movido por um desconforto ou descontentamento diante de alguma situação. Assumindo uma postura de curiosidade em relação às conexões que mantém esse padrão de desconforto, surge a possibilidade de encontrar novas formas que podem se tornar úteis na direção de um novo caminho. Dessa forma, o terapeuta e a família assumem a responsabilidade daquilo que surge no contexto terapêutico.
Para o terapeuta familiar, todas as pessoas, todos os casais e todas as famílias têm contidos em si mesmos o potencial e as respostas para a melhora das questões as quais vêm buscar ajuda. O terapeuta não tem a verdade sobre o outro, mas pode contribuir, trazendo outras formas de falar, comportar-se e entender o mundo e as relações. Abrem-se, dessa maneira, oportunidades de encontrar juntos alternativas úteis para nova leitura do que antes era visto como sintoma, problema, desajuste.
Trago aqui, para melhor entendimento, um breve relato de um atendimento de uma paciente “Y”, de 42 anos, ainda em processo terapêutico, e seu filho “H”, de 18 anos. Divorciada há dez anos, ficou três anos separada. Após este período, “Y” reatou a relação, porém manteve o estado civil. Ela viveu mais sete anos com o ex-marido, que prometeu mudar, mas se tornou pior do que antes: agressivo e abusivo psicologicamente. Ela estava muito abatida, com a autoestima bastante afetada, quando chegou ao consultório procurando ajuda para solucionar uma separação judicial já concluída, apesar de não ter conseguido seguir a vida.
Após trabalho investigativo através da história da família de origem, usando técnicas terapêuticas, começamos a trabalhar a separação emocional, o “divórcio emocional”. Com uma das técnicas que utiliza o “Genograma”, chegamos ao diagnóstico de que a crença da família de origem era de um casamento indissolúvel, o que dificultava que a paciente “Y” se separasse emocionalmente do ex-marido. Feito o diagnóstico, entramos com as intervenções, o que levou a paciente a redefinir as crenças familiares e dar um novo entendimento a elas, saindo da situação angustiante que ela vivia.
Ainda durante o processo terapêutico, ela trabalha agora o autoconhecimento para fortalecer sua estima e o autocuidado, possibilitando-a prosseguir para uma nova história de vida. O relato desse caso serve para ilustrar como uma história familiar influencia nossa vida no presente, nos impedindo de seguir para um futuro saudável.
Dessa forma, pode-se compreender a relevância dos métodos sistêmicos para trabalhar questões familiares.