Cada partícula de odor tem um formato específico. Quando elas se conectam aos receptores, que são uma espécie de papila gustativa do olfato, geram impulsos elétricos que viajam pelo nervo olfatório até o cérebro, onde serão distinguidos.
Hoje se sabe que o olfato é extremamente ativo nas crianças. As sensações quimiossensoriais, que são substâncias que desencadeiam sensações olfativas ou gustativas, elas são acompanhadas, desde os primeiros instantes que seguem o nascimento, reações afetivas ou seja determinados odores ou sabores atraem os recém-nascidos, enquanto outros lhes causam repulsa.
Steiner ressalta, que determinados odores são mais aceitáveis que outros para o cérebro do bebê e argumenta que desde os primeiros instantes de vida já entram em funcionamento os sistemas de tratamento afetivo das informações olfativas e os sistemas de reação associados. Os recém-nascidos gostam, ou não, de determinados odores ou sabores.
Essas preferências devem ser entendidas como predispostas ou determinadas geneticamente, ou seja, são desenvolvidas sem a necessidade de experiência prévia. Mas a aprendizagem e a vivência desempenhariam uma importante função na organização precoce das preferências.
O fato é que mecanismos que permitem as primeiras expressões de prazer ligadas aos odores são múltiplos e contribuem para que as decisões de seres imaturos sejam adaptadas a diferentes necessidades.
A partir do nascimento, entram em funcionamento diversos mecanismos de aquisição de odores. Alguns se apoiam na familiaridade passiva em função de um clima olfativo, basta que o odor seja apresentado para se tornar familiar, e, portanto, mais atraente que qualquer outro odor novo. Outros implicam em processo de aprendizagem complexos e especializados.
Assim, a amamentação, devido às numerosas estimulações e gratificações que combina, ocasiona uma ótima situação para o rápido estabelecimento das preferências dos bebês, em particular as preferências olfativas. Parece, surpreendente que nossas competências olfativas possam funcionar antes mesmos de nascermos.
Por outro lado, o sistema nervoso fetal é imaturo e, por outro, acreditava-se que o líquido quem banha as vias nasais era um obstáculo mecânico que limitava o acesso de substâncias aromáticas ao órgão olfativo. Porém, isso não tem importância alguma. O feto pode detectar as substâncias aromáticas e gustativas transportadas pelo líquido amniótico que circula pelas vias respiratórias.
Esta aptidão sensorial pré-natal ocorre em meio instável, cuja composição depende de aromas consumidos pela mãe. De fato, analisando, fica evidente que os compostos da alimentação materna se transferem ao líquido amniótico e ao feto.
Embora mais pesquisas possam e devam ser desenvolvidas, alguns pontos são certos. Um deles é que o cérebro em formação é receptivo às influências do seu entorno e especialmente em relação ao olfato, resultado das preferências maternas e familiares.
Outro é que os primeiros cheiros aos quais somos expostos deixam fortes marcas em nossa mente, e experiências adquiridas no início do desenvolvimento nos farão apreciar e buscar reviver determinados estímulos.
* Por Regina Marques Gonçalves, Neuropedagoga especializada em autismo.