Chamamos descontrolável tudo o que não conduzimos conforme nossa vontade ou gostos, ou de acordo com o que pensamos que deve ser. O incontrolável descontrola. Parece lógico, não é? O descontrolável nos traz o caos em geral por que deixamos de ter noção clara de nossos atos. Somos levados pelos sentimentos cujas emoções são produzidas involuntariamente e precisam ser externadas de alguma forma, ou melhor, de qualquer forma.
A paixão em geral, a chamamos incontrolável porque nos parece que tira de nossas mãos as rédeas dos sentimentos, que “nos equilibra ou nos desequilibra” com a realidade o tempo todo. Embora tudo nos pareça normal. Mas, com uma vantagem, a do enorme prazer que sentimos.
Dizia-me um mestre em teosofia, que precisamos ter prazer para a vida e por isso precisamos ter paixão para viver. A vida, segundo ele, precisa ser vivida sob paixão. Segundo ele ainda, realizamos as melhores coisas da vida por paixão. Podemos deduzir que paixão é tudo aquilo que nos dá prazer intenso.
Então focar na segunda parte da pergunta nos exige reflexão, isto é, da permissão para experimentar este sentimento de alto impacto emocional. Para quem não tem prazer em refletir sobre as descobertas que pode fazer sobre si, pode ser que não tenha respostas que lhes tragam prazer.
A palavra permitir, aqui, implica em condição para que alguém se apaixone. Não estaria nos reportando a ter controle?
Eu escuto as histórias de paixão que relatam que os indivíduos foram pegos de surpresa. Então, desprevenidos deste evento não há controle. Será que não é assim? Ou é assim?
Há muito o que entender sobre personalidade, emoções, cultura, repressão, sentimentos, entre outros, e o próprio controle, isto é, entender-se para compreender se tem sobre si algum controle. Entender se sabe mesmo o que é, e o que significa ter controle.
Eu diria que talvez, ter alguma consciência sobre tudo aquilo que vive, vivencia, experiência, com ciência das ocorrências e suas consequências, boas ou ruins, pode ajudar a viver de maneira que nem tão serena, pra que não seja pacata a sua vida, e nem tão excitante pra que não perca a razão, não se descontrole e viva a deriva, como barcos pequenos em alto mar.
Há muito o que se possa escrever e talvez, mais do que se deva. Mas, vale dar “metade de um tanto em razão”, para racionalizar a vida, e “metade de um tanto “de sem noção”, pra sentir um pouco do que este prazer pode fazer em sua vida.
O meio a meio é sempre o ideal. Vida sem cheiro, sem sabor, sem tom, sem cores, é vida sem energia, sem o outro, e não tem graça.