Precisamos, antes de mais nada, diferenciar Empreendedor de Empresário. O Empreendedor ainda está no caminho, é aquele cara que gosta do risco (sempre calculado, claro), de um desafio, e de desbravar novas possibilidades, se aventurar por novos territórios.
O Empresário é o cara da Estratégia, tem uma visão sistêmica bem aguçada, consegue montar os quebra-cabeças da empresa com grande facilidade e destreza. Ele olha para os números e entende onde estão os gargalos e onde deve mexer. A empresa consegue andar sem o empresário presente, pois, se ele já chegou no nível estratégico de CEO, é porque o chão de fábrica e as lideranças abaixo dele já estão todas esquematizadas e sabem como executar o trabalho.
O sonho de todo Empreendedor é ser empresário, o cara de terno, que aparece na empresa 3 vezes. Mas na verdade, ser empresário traz uma série de responsabilidades e de criatividade para pensar em soluções inovadoras para cada tipo de problema. Para chegar a esse ponto, o empreendedor precisa estudar muito: tem que saber de liderança, de relações interpessoais, comunicação não-violenta, finanças, vendas, marketing, logística. E isso leva tempo. Mas principalmente, ele precisa abdicar do operacional e treinar os colaboradores para fazer igual ou melhor do que ele.
Acho que circulamos entre o Empreendedor e o Empresário algumas vezes ao longo da vida útil da empresa: em momentos de crise, além de estar na estratégia e pensar rápido, precisamos resgatar aquela coragem lá de trás para explorarmos o novo, tomando às vezes novos rumos, percorrendo novas rotas e mudando até o nosso modelo de negócios. Parece um retrocesso, mas na verdade faz parte do ciclo das pequenas e médias empresas no Brasil.
Para conseguir dar conta de tudo, o empredesesário (junção de EMPREENDEDOR e EMPRESÁRIO, meu público-alvo) precisa ter um planejamento impecável, principalmente para transitar por todas as partes da empresa com a mesma maestria e dar uma repaginada em cada parte do todo, para que o todo retome seu rumo.
Seu tempo deve ser dividido entre o estudo de novas competências, o desenvolvimento de novas habilidades, a elaboração das estratégias com um controle de risco, inúmeras reuniões com colaboradores, clientes e fornecedores, devendo, para tal, manter sempre o foco na pauta para não perder tempo.
Entre suas tarefas estão ações de natureza diversa: em umas precisa usar a criatividade e em outras precisa ser extremamente técnico para que tudo saia nos conformes. Tudo é cronometrado, tudo é medido, tudo é urgente e importante.
E ainda tem a saúde mental e a inteligência emocional que precisam estar em dia, pois se ele surtar, tudo desmorona junto.
Essa é a vida de quem tem um negócio no Brasil: essa montanha-russa de emoções, a persistência e resiliência para superar as crises (que sempre existirão, a cabeça no lugar para lidar com o incêndio com a frieza, mas também com a humanidade necessárias. E, ainda assim, vale a pena.