Como transformar um simples centro comercial em um verdadeiro ponto de convivência, lazer e experiências únicas?
Para Carlos Dominguez, arquiteto argentino naturalizado brasileiro e diretor da DFA Arquitetura, essa é uma pergunta que guia sua carreira há mais de três décadas.
Com projetos que vão desde os pioneiros no Estado de São Paulo como o Esplanada Shopping em Sorocaba, o Center Vale em São José dos Campos e o Piracicaba Shopping até conceitos dos inovadores shoppings “complexos” atuais, Carlos ajudou a moldar o mercado brasileiro de forma única.
*Uma história de inovação e liderança*
Chegando ao Brasil em 1976, Carlos revalidou seu diploma de arquiteto pela USP e rapidamente se tornou um dos principais nomes em arquitetura de shoppings centers.
Desde então, a DFA Arquitetura assinou projetos marcantes como os Shoppings do Grupo Catuaí (Londrina, Maringá e Cascavel), o Shopping Manauara em Manaus, os Shoppings do Grupo Partage (Rio Grande, Campina Grande Natal, etc) e novos empreendimentos em andamento como a ampliação e retrofit do Shopping Sumaúma em Manaus com projeto original da DFA, Shopping Alvorada em Manaus, Shopping Jardim Europa em Castanhal no Pará e Shopping em Primavera do Leste no Mato Grosso.
Cada um desses projetos reflete sua visão de unir funcionalidade, design e experiências que vão além das compras.
*O conceito de shopping na era atual*
Um dos destaques recentes do trabalho de Carlos é o desenvolvimento do conceito de shoppings que envolvem um complexo de funções e operações.
Inspirado em tendências internacionais e adaptado às demandas do mercado brasileiro, esse modelo integra áreas comerciais a espaços de lazer, gastronomia, esportes até serviços hospitalares e da educação.
Os exemplos mais emblemáticos desse conceito são o projeto já mencionado em Primavera do Leste no Mato Grosso e o shopping recém inaugurado do Grupo Catuaí em Cascavel, que inclui desde áreas verdes e de lazer até serviços hospitalares, da educação e hotelaria. Esse último foi o único Shopping Greenfield que estava sendo inaugurado no Brasil em 2024.
“Esse tipo de shopping não é apenas um lugar para compras, mas um espaço onde as pessoas podem passar o dia, relaxar e aproveitar experiências completas, seja na academia ou nas áreas ao ar livre e para esportes” explica Carlos.
A DFA Arquitetura, sob a liderança de Carlos Dominguez, acumula uma vasta experiência em projetos de shoppings que vão desde retrofits e ampliações até o desenvolvimento de novos empreendimentos Greenfield. Entre os projetos desenvolvidos destacam-se:
Retrofit do Shopping ABC em Santo André;
Ampliação e criação de área gourmet do shopping Tatuapé em São Paulo;
Ampliações do Shopping Pátio Higienópolis;
Ampliação e refrotif do Mossoró e Parauapebas do Grupo Partage;
Shopping Center em conjunto com grupo AD Shopping Center de Pindamonhangaba e Gravataí;
*Sustentabilidade e futuro*
Carlos é um defensor da sustentabilidade. Ele acredita que os shoppings do futuro precisarão ser economicamente viáveis, ambientalmente responsáveis e socialmente relevantes.
“O desafio é criar espaços que respeitem o meio ambiente, desde o uso eficiente de energia solar até a gestão de resíduos e reaproveitamento de água,” afirma.
Marcelo Gusmão: Como você ajudou a transformar shoppings em espaços multifuncionais que combinam compras, lazer e hospitalidade?
Carlos Dominguez: Nós somos engajados no setor e sempre priorizamos a criação de espaços que transcendam a função básica de um shopping.
A ideia é criar ambientes onde as pessoas se sintam confortáveis para passar o dia, seja em uma área gourmet, em eventos ou aproveitando serviços diversificados.
É uma integração total entre compras e qualidade de vida.
Marcelo Gusmão: O que torna o conceito de shopping “complexo” uma revolução no mercado brasileiro?
Carlos Dominguez: O shopping é o centro de um polo de sinergia. É o elemento fundamental. Ele não é apenas um ponto comercial, mas um lugar onde lazer, gastronomia e bem-estar convergem.
No Brasil, onde as pessoas buscam segurança e conforto, esse conceito ressignifica a experiência de compra e convivência.
Marcelo Gusmão: Quais são os desafios e oportunidades de projetar um shopping “complexo” no Mato Grosso?
Carlos Dominguez: O desafio é equilibrar a grandiosidade com a funcionalidade. Estamos falando de um empreendimento que integra áreas verdes, espaços hospitalares e serviços exclusivos.
No entanto, a oportunidade está em criar algo inédito na região, um ponto que redefine a convivência comunitária e o lazer.
Marcelo Gusmão: De que forma a DFA Arquitetura aplica sustentabilidade em projetos como o Manauara Shopping?
Carlos Dominguez: Nossos projetos incluem sistemas de reaproveitamento de água de chuva, uso de energia solar e gestão eficiente de resíduos.
Além disso, aplicamos conceitos de controle solar, otimizando o conforto térmico e reduzindo o consumo energético. A sustentabilidade não é só uma escolha, é uma necessidade.
Marcelo Gusmão: Quais os projetos que estão em andamento no momento?
Carlos Dominguez: O Shopping Center Mega House em terreno no aeroporto de Congonhas, desenvolvimento do Sidershopping em Volta Redonda em processo de obra para inauguração com ampliação e retrofit e o Centro Comercial de conveniência em Campinas.
Marcelo Gusmão: Qual será o papel dos shoppings nos próximos 10 anos na visão de um dos maiores arquitetos do setor?
Carlos Dominguez: Daqui a 10 anos, imagino que os shoppings vão se transformar ainda mais em espaços multifuncionais, com tudo que as pessoas precisam em um só lugar. Estou falando de espaços para lazer, saúde, educação, trabalho e, claro, compras. A gente já vê isso acontecendo, mas a tendência é que essa integração se aprofunde.
A sustentabilidade também vai ser um pilar central. Não vai mais ser um diferencial, mas uma obrigação. Energia solar, reaproveitamento de água, materiais mais inteligentes… tudo isso será parte do dia a dia dos novos projetos. E, mais do que isso, os shoppings vão se integrar melhor com o entorno, com áreas verdes e soluções que respeitem o meio ambiente. Outra coisa que vejo é o papel dos shoppings como centros culturais e de inovação. Eventos, exposições, feiras tecnológicas, espaços para aprendizado… Tudo isso vai ser tão importante quanto as lojas. E a tecnologia vai estar em todo lugar, desde aplicativos que melhoram a experiência do cliente até soluções que integram o físico e o digital, como realidade aumentada e sistemas logísticos mais rápidos e eficientes.
O mais importante, no entanto, é que os shoppings vão continuar sendo um lugar onde as pessoas se sentem bem. Um espaço seguro, confortável e acolhedor, onde se pode passar o dia inteiro, seja para relaxar, se divertir ou até resolver a vida. Para mim, isso é o que realmente diferencia os shoppings no Brasil e o que vai continuar garantindo a relevância deles no futuro.
* Marcelo Gusmão, publicitário, trabalhou na área de marketing do Grupo O Dia de Comunicação (Jornal O Dia, Marca BR, Meia Hora, Rádio FM O Dia e MPB FM), no marketing da Inove/XP Investimentos e é sócio fundador da agência de Marketing e Publicidade SEO 10 Projetos Digitais (www.seo10digital.com.br)