As variáveis mais comuns a serem controladas num ambiente condicionado são: temperatura, umidade, velocidade do ar, contaminação microbiológica e o CO2. De todas, o CO2 é aquele com o qual nós menos nos preocupamos. Isto se dá em parte porque as normas existentes se encarregam desses detalhes. Só que nunca se fez nenhum estudo para concluir se realmente está tudo sob controle.
Em verdade, todos os ambientes condicionados estão, em sua grande maioria, com altas concentrações de CO2. Como podemos perceber este fato? O sintoma mais comum do excesso de CO2 é o bocejo. Ora, se eu não estou com sono porque tive uma ótima noite de descanso, como bocejo tanto em reuniões e palestras? O bocejo nada mais é do que uma respiração mais profunda para forçar a entrada de ar e a saída de CO2, buscando o equilíbrio entre a quantidade de oxigênio e o CO2 que esta em excesso.
Segundo cientistas da universidade da Califórnia e da universidade de Nova York, “o excesso de CO2 no ambiente prejudica a capacidade de tomar decisões e a capacidade de concentração”. Para comprovar isso, eles convidaram 24 voluntários para realizar diversas atividades, como, por exemplo, revisar textos.
Os participantes foram acomodados em salas com diferentes concentrações de CO2, onde deveriam realizar as atividades solicitadas. Após as análises dos resultados, foi constatado que os indivíduos que estavam em concentrações acima de 1500 PPM (partes por milhão) tiveram maiores dificuldades de realizar as tarefas.
Atualmente, a norma brasileira segue a norma americana, segundo a qual a concentração máxima permitida é de 1000 PPM. Por que o número é importante? Aqui no Brasil, está sendo desenvolvida uma pesquisa desde 2012 que será apresentada em setembro deste ano no CONBRAVA (Congresso Brasileiro de Refrigeração Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento), onde estão sendo feitas medições que darão conta do nível de concentração existente. Os valores iniciais foram os seguintes:
Em várias salas de aula, as medições deram conta de 9450 PPM. Um índice absurdo. Pelo numero apresentado, a medição foi questionada pelo laboratório responsável, sob a alegação de defeito no equipamento. Mas, numa contra medida, foi mantido o mesmo valor.
Em salas de aula de spinning, foram encontradas medições de 5800 PPM, que só não são maiores pelo curto período de tempo de cada aula. Em salões de cabeleireiro, no final do dia, 6800 PPM. Em quarto de casal, em torno de 2400 PPM. No ônibus, 4740 PPM. No avião, uma boa noticia, 1350 PPM – mas, em compensação, a umidade era de ate 12%. Isto se dá porque o avião trabalha com ar 100% exterior. Muitas pessoas num pequeno espaço confinado e um ótimo resultado.
Os resultados são desfavoráveis, mas de fácil resolução. Algumas dicas:
1) Abra a janela do quarto, do escritório, da academia, etc., todos os dias. Isto é muito importante.
2) Apenas duas horas de corrente de ar entrando e saindo do ambiente já e suficiente para reduzir a quantidade de CO2, porque ele não sai sozinho, precisa de ajuda. E ainda é cumulativo. Quem entra depois recebe toda essa quantidade deixada pelos outros.
3) Se possível, consulte uma empresa que calcule a quantidade de ar que precisa ser renovada. E use ventilação forçada para insuflar e exaurir o ar do ambiente.