Você sabe quais são as diferenças entre um sentimento de tristeza e um transtorno depressivo? A depressão é um dos maiores problemas de saúde mental já registrados. Segundo a previsão feita pela OMS (Organização Mundial de Saúde) no século passado, o transtorno depressivo seria responsável por 9,8% do total de anos de vida saudável perdidos para a doença. Porém, este índice foi atingido em 2010.
De acordo com a OMS, atualmente, a depressão afeta cerca de 50 milhões de pessoas em todo o mundo. As mulheres são as mais afetadas. Segundo Ballone, a prevalência do transtorno depressivo é de 1,9% no sexo masculino e 3,2% no feminino. A ONU reporta que 5,85% dos homens e 9,5% das mulheres passarão por um episódio depressivo num período de 12 meses. De todas as doenças mentais, esta é a que mais reduz e limita as capacidades do ser humano.
Apesar de ser uma doença muito frequente, ela está rodeada de dúvidas que podem prejudicar o diagnóstico. Muitas pessoas tendem a confundir a tristeza, que é um sentimento inerente à existência humana e não impede o individuo de vivenciar outras emoções, com a depressão, que é um transtorno afetivo/emocional com evolução clínica, ou seja, uma doença.
A tristeza é causada por fatores externos, por situações pontuais que acontecem na vida da pessoa, e tende a melhorar com o tempo. Quando o sentimento tem um motivo de existir, por exemplo, uma separação, a perda de um ente querido, ele não é doença e até faz bem. A tristeza não compromete a vida do individuo, pois este é capaz de se alegrar de acordo com as mudanças de acontecimentos. O individuo que está triste não se afasta das pessoas e do mundo à sua volta e, frequentemente, pede ajuda de amigos e familiares para superar a situação.
Já a depressão não precisa de um motivo específico, de situações externas. Ela é algo interno da pessoa e não necessita de um acontecimento para desencadear os sintomas. O individuo que sofre de depressão geralmente fica apático, sem vontade de fazer qualquer cosia e não entende o porquê, não sabe nomear o que sente e nem dar sentido àquilo. Os sintomas mais frequentes do transtorno depressivo são falta de concentração, cansaço sem explicação, alterações no apetite e no sono.
No transtorno depressivo, é fundamental a busca de ajuda profissional. Em casos mais graves, ele pode levar ao suicídio. Além de um acompanhamento com um médico, torna-se importante, também, a psicoterapia, pois é neste espaço que o paciente busca um autoconhecimento. O objetivo do psicoterapeuta é fazer com que a pessoa entre em contato com seus sentimentos e emoções, a fim de organizá-los e poder refletir sobre eles. Com o apoio do psicólogo, o paciente aprende a lidar de forma diferente com os acontecimentos, enxergando o mundo de maneira mais clara e desenvolvendo mais segurança para enfrentar os obstáculos cotidianos.
Lidar com a depressão pode ser uma forma de se conhecer melhor. Encare a crise depressiva como uma necessidade de expressar suas emoções. Você pode e é capaz de fazer isso de inúmeras maneiras.
Por Lilian Nogueira Reis – Psicóloga e Gestalt terapeuta, CRP 05/34846