Em nossa vida, muitas vezes, passamos mais tempo no ambiente trabalho do que com a família. Seguramente, esse tempo deve ser o melhor possível, de maneira que possamos manter este convívio em níveis, no mínimo, saudáveis. Mas, eventualmente, nos deparamos com a necessidade de conviver com pessoas tóxicas e com as quais a convivência tende a ser desafiadora. Conviver com pessoas assim já não é agradável. Agora imagine ter que liderar pessoas com comportamentos difíceis?
Antes de entrar efetivamente na seara de como liderar essas pessoas, tentemos responder a uma questão básica: o que é uma pessoa difícil? Em verdade, trata-se de uma pergunta simples para uma resposta complexa. Não há, porém, um conceito clássico ou científico a ser utilizado para explicar tal categoria de pessoas. Para mim, pessoas difíceis são aquelas que tendem a desafiar pejorativamente qualquer status quo existente, seja de harmonia no ambiente, de respeito ao outro ou de prazos a serem cumpridos. Tenhamos em mente que, muitas vezes, pessoas difíceis são movidas por carências e buscam de alguma forma chamar a atenção. Pessoas assim tendem a ter como características marcantes serem arrogantes, autoritárias, dissimuladas, egoístas e inseguras.
Fundamentalmente, o que afirmo é que a maneira como reagimos às pessoas difíceis determinará o estado emocional que desenvolveremos em cada contexto. Se nos irritarmos com o que o outro fizer, estaremos empoderando esse outro e responsabilizando-o por algo que cabe a nós mesmos: nosso equilíbrio emocional. Portanto, como primeiro aspecto a ser destacado, a dica é clara: torne robusta sua inteligência emocional e saiba lidar com adversidades e conflitos.
Agora, vamos refletir: reagirmos brigando, chorando, aumentando a voz, arrancando os cabelos, trará bons resultados para a equipe que lideramos? Normalmente, não! Assim, uma boa maneira de resolver uma questão desagradável é saber impor limites ao indivíduo “difícil”, procurando momentos mais adequados de apontar o problema, de maneira assertiva, sem agressões, dando possibilidade para que o outro reflita sobre suas atitudes.
Se você é um líder, está em condições de tomar medidas para mitigar os danos que as pessoas desagradáveis podem causar. Algumas ações práticas que trazem, usualmente, benefícios bastante bons são:
• Descubra por que eles são difíceis ou o que os leva a serem daquele jeito: trata-se de um problema pessoal dela e que está afetando seu convívio na empresa ou alguma questão envolvendo a empresa?
• Reconheça as diferenças: por vezes, reconhecer que as pessoas de sua equipe têm abordagens e pontos de vista distintos pode ser suficiente para acalmar a tensão. Assim, adotar posturas mais positivas trará efeitos benéficos para o convívio de todos!
• Ouça o que o “difícil” tem a dizer: surpreendentemente, muitos dos casos de conflito poderiam ser solucionados, talvez nem existir, se as pessoas fossem verdadeiramente ouvidas. Muitas das reações negativas são consequências de simplesmente alguém não ser ouvido e respeitado.
• Esteja aberto a críticas: você pode estar liderando o indivíduo, mas, antes de qualquer coisa, ele também é um ser humano. Assim, humanizar a relação e permitir-se receber críticas pode contribuir para a melhoria do ambiente e dos comportamentos das pessoas que ali convivem.
• Dê feedback de forma construtiva: líderes devem estar capacitados e conceder feedbacks positivos e voltados a solucionar problemas. Um tipo utilizado com bastante sucesso é o “feedback cheeseburger”. Funciona assim: comece falando de um aspecto positivo que pode destacar da pessoa (um elogio mesmo!), depois aborde o que deve ser melhorado de forma positiva, e, por fim, obtenha da pessoa que comportamento ela pretende adotar para surtir os efeitos positivos desejados com a mudança, finalizando com mais um comentário positivo.
Há também alguns comportamentos que o líder pode ter para contribuir com seus liderados, em especial aqueles mais desafiadores: levante a bandeira branca, mantenha o olho no olho, coloque-se no lugar do outro e questione a si mesmo sobre que comportamentos pode ter para contribuir com o “difícil” e com o todo.
Liderar pessoas não é uma tarefa trivial. No mundo corporativo, sempre devemos buscar a otimização de recursos e a maximização de resultados. Ninguém é indispensável, mas substituir indivíduos rotineiramente é uma prática dispendiosa e que afeta qualquer organização. Buscar ter uma visão realmente humanizada das pessoas que compõem uma empresa e resolver problemas de relacionamento costuma trazer bons frutos para todos!