A nossa constante troca de mensagem e respostas remodelam as conexões neurais para fins de adaptação, desencadeando mudanças equacionais no cérebro. A cada nova vivência e aprendizado da pessoa, novas conexões neurais são acrescentadas e fortalecidas.
Lembra Doidge (2011) que, toda vez que indivíduo se torna consciente de algo de novo em uma sessão de psicoterapia, novas conexões neurais são ativadas, possibilitando a neuroplasticidade. A plasticidade neuronal é o nome dado à capacidade que o neurônio tem de formar novos caminhos neurais. Por isso, crianças com déficit motores, visuais, de fala e audição, vão se recuperando gradativamente através de exercícios que estimularão a recuperação e a possibilidade de chegar à fase adulta sem sequelas cognitivas e de percepção.
Anteriormente, acreditava-se que uma lesão neurológica deixava déficit funcional mais ou menos irreversível. Hoje, essa visão mudou muito. Em primeiro lugar, por causa das pesquisas de reabilitação que são realizadas nas pessoas com disfunções cognitivas. E, em segundo lugar, por novas técnicas de neuroimagem funcional. O cérebro reorganiza com a plasticidade cerebral a lesão ou aprendizado, fazendo novas “equações neurais”. A cada atividade realizada, o encéfalo muda a própria estrutura, aperfeiçoando seu circuito de modo que fique mais apto à ação ou reação do movimento desejado.
O ambiente que nos rodeia está ligado à neuroplasticidade, porque apresenta, a cada dia, novas experiências e, portanto, é necessária a adaptação do indivíduo ao novo estímulo neural. Quanto mais rico for o ambiente que leve à curiosidade, conversação, desafio, jogos e música, maior o impacto sobre as capacidades cognitivas e da memória. Um cotidiano escolar que trabalhe com esse “olhar” propicia um aprender com diferentes possibilidades!
De acordo com Damásio (2004), “uma emoção propriamente dita é uma coleção de respostas químicas e neurais que formam um padrão distinto”. Então podemos compreender que o cérebro humano identifica um estímulo emocional intrínseco ou extrínseco a partir dessa identificação, o nível da estimulação interna neurobiológica é fundamental para se ponderar a ordem de desequilíbrio ou desarmonia provocada pela ação neuronal. Respostas automáticas serão disparadas em busca de ações e reações neuroquímicas. Ressalta Doidge: “um cérebro que se transforma para sobreviver em um mundo em constante transformação”.
Referências
DOIDGE, N. O cérebro que se transforma. Rio de Janeiro: Editora Record. Ano: 2011
DAMÁSIO, A. Como o cérebro cria a mente. Revista Scientific American Brasil, nº 04, ed. Especial. Ano: 2002