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O que a Neuropsicologia pode fazer por sua empresa?

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A Neuropsicologia é uma especialidade da Psicologia que está atenta à conexão interdependente entre a mente, o corpo e a alma. Rompendo com a visão cartesiana que separa a mente e o corpo, a Neuropsicologia grita mostrando que não temos um corpo mas somos o próprio corpo. O difícil é sentir esta corporeidade (sujeito encarnado!) em um mundo que nos afasta o tempo todo de nosso self, de nossas reais necessidades. O stress, o aumento das doenças autoimunes, os quadros depressivos apontam para este mal estar.

Algumas abordagens desconhecem as bases epistemológicas da Neuropsicologia e propõem caminhos paradigmáticos condicionantes. Isto é muito comum no modelo americano, onde modelos tentam dizer às pessoas qual a sua meta, qual o seu foco… Grande engano! Uma empresa progride com funcionários em amadurecimento emocional que utilizam a emoção para construções, para invenções, para transformações… O condicionamento é como uma pílula que tem seu efeito por um tempo determinado. Acabou o efeito, é preciso outra dose. A Neuropsicologia permite ao sujeito escolher seus caminhos, suas metas e suas direções alterando com profundidade a estrutura de sua personalidade, que continuamente pode ser reconfigurada pela consciência adquirida pelo sujeito. Sem dúvida que a opinião do outro pode ajudar a visualizar novas ideias, novas propostas, mas somente o sujeito em consonância com seus padrões de integridade e valores pode optar.

A Neuropsicologia aborda parâmetros de auto-organização, que é oposta ao condicionamento. Está apoiada em paradigmas de base sistêmica, holística ou ecológica. Estes estão pautados na Escola Europeia e visam a reintegração do Ser – do empresário e dos funcionários. A reintegração do Ser desperta a motivação, a intencionalidade, a capacidade de lidar com as emoções, com os afetos, com os recursos cognitivos. Não se motivam pessoas. A motivação brota em um sujeito intencionalizado naturalmente sempre que reconhecemos nossas reais necessidades.

Muitas empresas preferem capacitações prontas onde direcionamos o funcionário para uma meta que alguém definiu ou um foco que se supõe estar ausente. O grande perigo desta abordagem é manter os sujeitos da organização alinhados ao desejo de um outro. Empobrecemos lentamente a subjetividade dos funcionários, permitimos a manutenção de estados imaturos, competitivos e destrutivos.

Para a preservação da capacidade de auto-organização do ser humano, é preciso criar espaços de livre expressão no mundo corporativo pois somente nestes espaços brotam o potencial velado em uma sociedade que se nutre em valores unicamente materiais. Um ser humano saudável nutre também a alma pois o jargão tão comentado nas corporações sobre “qualidade de vida” é um termo extremamente subjetivo e que só tem sentido alinhado ao histórico da complexidade de vida do ser humano.

As atividades em grupo são abertas em espaço livre com almofadas, um oásis no meio da empresa, onde o funcionário e o empresário podem desenhar formas diferentes de movimentos que farão parte das novas configurações corporativas. É um espaço metodologicamente prazeroso, pois somente nesta conotação podemos olhar para nossas limitações e integrá-las à nossa personalidade. A Neuropsicologia se propõe a uma reforma de pensamento, a mudar paradigmas, flexionar posturas, ampliar a criação nas diversas linguagens e autorizar espaços de novas construções. Afinal, inteligência é a motricidade em ação. Mas vocês devem estar se indagando: “mas estou sempre em ação”. Não! A motricidade é a capacidade de lidar com sua inteireza. A maior parte dos seres humanos velam seu real potencial, desconhecem suas habilidades por ausência de momentos integrativos.

Os métodos condicionantes são muito fáceis mas aprisionam o ser humano no desejo do outro – o educador, o capacitador, o orientador… Não desejamos objetos nas empresas, mas sujeitos intencionalizados!

A Neuropsicologia tem bases em um autor que criou a escola da Psicologia Analítica (Carl G. Jung) e este alertou para a restrição do uso das funções psíquicas quando o outro determina o que podemos e o que não podemos fazer. O pensamento, o sentimento, a intuição e a sensação precisam atuar de forma interdependente pois lançam o empresário e o funcionário na vida, criando e recriando ideias e propostas de forma individual ou coletiva.

As propostas elencadas nas atividades desenvolvidas nas empresas trabalham com materiais sem funções específicas para provocar a construção do pensamento divergente e inovador. Mergulham no universo rico de nosso mundo interior inicialmente aprisionados nos sujeitos corporativos. Gradativamente, vão se libertando, assumindo a direção da vida de forma amadurecida, olhando as dificuldades e potencialidades como parte de si. Pode assim olhar o “outro” e construir com o “outro” de forma cooperativa e não competitiva, permitindo ideías inovadoras no campo empresarial sem a perda de sentido e da qualidade de vida que significou.

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