Segundo a OMS, a obesidade entre crianças e adolescentes cresceu exponencialmente nos últimos 40 anos no mundo. No Brasil, o aumento foi superior a 10 vezes entre meninos e aproximadamente 9 vezes entre meninas, superando a prevalência de desnutrição infantil, que caiu nos anos anteriores a era 2000.
Os hábitos alimentares e sedentarismo contribuem muito para este aumento da obesidade entre crianças e adolescentes. O consumo elevado de gordura trans e saturada, da sacarose, presentes em fast food e alimentos ultraprocessados, e o baixo consumo de fibras, vitaminas e minerais presentes principalmente em vegetais como frutas e hortaliças caracterizam o consumo alimentar ao longo dos últimos 40 anos.
Isto muito se deve à propaganda em massa da indústria alimentícia e o encarecimento dos alimentos naturais e saudáveis. No Brasil, o consumo de alimentos industrializados muitas vezes é sinal de status social, além desses alimentos serem considerados pela maioria como saborosos sem a consciência do quanto são prejudiciais à saúde.
O excesso de peso entre crianças e adolescentes aumenta o risco para doenças crônicas não transmissíveis como hipertensão arterial, diabetes mellitus, síndrome metabólica e esteatos hepática (acúmulo de gordura no fígado). Para prevenção da obesidade na infância e na adolescência, é importante a atenção com a alimentação e nutrição desde o útero materno, que inclui o ganho de peso adequado da gestante nessa fase, passando pelo primeiro ano de vida, principalmente incentivando a prática do aleitamento materno e exclusivo até os 6 meses.
O leite materno contém todos os nutrientes necessários, inclusive água, para atender os requerimentos até os 6 meses de vida do recém-nascido. Além disso, o leite humano possui moléculas com maior digestibilidade e biodisponibilidade para esta fase da vida, substâncias protetoras (anticorpos e imunoglobulinas) e importantes ao desenvolvimento das funções digestivas. Desta forma, é preciso incentivar o aleitamento materno exclusivo até os 6 meses de vida e complementado até 24 meses, tendo toda atenção com a oferta de alimentos saudáveis no momento de introdução alimentar que se inicia no segundo semestre da criança.
E, claro, deve-se evitar até os dois anos o consumo de alimentos industrializados, o açúcar e o excesso de gordura saturada. Se possível, atrasar ao máximo, mesmo após os dois anos, a oferta de refrigerantes, biscoitos recheados, salgadinhos, frituras, fast food. Além disso, é importante incentivar e encorajar a prática de exercícios físicos regulares, reduzir o tempo sentado em jogos eletrônicos, computador e celular para duas horas ao dia.
As crianças e adolescentes precisam comer arroz, feijão, frutas e hortaliças diariamente, incluir alimentos não refinados como cereais integrais e grãos, evitar bebidas com baixo valor nutricional e frituras.