Se vocês leram a minha primeira matéria, perceberam que eu gosto do tema de sustentabilidade e gostaria de abordar especificamente os canudos, então espero que gostem.
Vocês sabiam que o canudo leva apenas um minuto para ser fabricado, usufruímos dele por apenas vinte minutos e jogamos fora? Depois, ele leva em torno de 200 anos para se decompor e o seu descarte de forma incorreta – nos lixões, indo parar nos oceanos – mata mais de 1000 espécies marinhas?
Vocês sabiam também que os principais materiais da sua composição, o polipropileno e o poliestireno, não são biodegradáveis e levam em média 400 anos para se decompor?
De acordo com o Greenpeace, ao todo, 8 milhões de toneladas de plástico vão parar nos oceanos anualmente. Isso provoca a morte de 1 milhão de aves marinhas e de 100 mil animais todo ano. Os canudos são pequenos, leves e, uma vez nos oceanos, são ingeridos e ficam alojados nos estômagos de aves marinhas, peixes e mamíferos de grande porte.
Sem contar que, muitas vezes, esses canudos plásticos ficam presos nas narinas das tartarugas, causando grande sofrimento a esses animais. E o problema não é evitado apenas jogando o canudinho no lixo após o uso. Mesmo descartando corretamente e levando a aterros legalizados, por ser leve, o canudo de plástico pode ser levado pelo vento e ser carregado pela chuva para mares e rios.
A Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro aprovou, em julho de 2018, o Projeto de Lei Nº 3794/2018 que proíbe a distribuição e a utilização de canudos de plástico, exceto os biodegradáveis, em restaurantes, bares, quiosques, ambulantes, hotéis e similares. Os estabelecimentos que descumprirem a lei estão sujeitos a multa de R$ 3 mil, valor que pode chegar a 6 mil reais em caso de reincidência.
O PL, de autoria do vereador Jorge Felippe (MDB-RJ), “obriga os restaurantes, lanchonetes, bares e similares, barracas de praia e vendedores ambulantes do município, a usar e fornecer a seus clientes apenas canudos de papel biodegradável e/ou reciclável individualmente e hermeticamente embalados com material semelhante”.
Mesmo após a proibição, percebe-se que os canudos ainda estão sendo distribuídos e descartados nas calçadas e nas praias. Algumas empresas e cidadãos não compreendem a importância dessa proibição e há outras empresas que, mesmo obedecendo à lei, não sabem como substituí-los e, ao invés de canudos, usam copos descartáveis, o que não ajuda muito no impacto no meio ambiente, já que isso é trocar seis por meia dúzia.
A lei é mais do que necessária e já inspirou outros estados a fazerem o mesmo. É um avanço incrível para a sustentabilidade, porém ela deve ser divulgada com mais informações para que os estabelecimentos compreendam a necessidade e conheçam as alternativas. O custo inicial não é tão alto se levar em consideração o impacto ambiental. Empresas e usuários podem usar alternativas como canudos de papel biodegradável, canudos de silicone, canudos de bambu, canudos de palha, canudos de metal, canudos de vidro, copos de papel biodegradáveis e até mesmo copos de vidro e/ou copos Menos 1 lixo.
Os canudos biodegradáveis podem ser encontrados em algumas lojas sustentáveis, como Mentah!, BeeGreen, EcoW e Paz em Gaia.