Na antiguidade, para os gregos, os surdos não eram considerados humanos pois não falavam, a fala era considerada algo divino, e hoje, em pleno século XXI parece que nada mudou. O grau de capacidade das pessoas ainda é avaliado pela fala, é dessa forma que muitas pessoas enxergam essa deficiência, uma completa incapacidade ou até mesmo associam a surdez à deficiência intelectual.
Pensar que o indivíduo surdo possui algum tipo de deficiência intelectual está ligado em grande parte ao atraso da aquisição e desenvolvimento da linguagem e do instrumento cognitivo. Tal atraso acontece constantemente porque o indivíduo surdo é completamente visual (por exemplo, sua língua, a LIBRAS, é uma língua viso-espacial e é ágrafa). Para ele, as situações são aprendidas na forma concreta, o abstrato para ele é demasiadamente complexo.
O surdo compreende melhor as informações quando chegam em sua língua materna – a LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) – e, como vivemos numa sociedade ouvinte, o indivíduo surdo vive à margem de informações, como se fosse um estrangeiro em seu próprio país.
Não podemos esquecer a responsabilidade da escola, digo isso devido à experiência que tive quando trabalhei na área da educação no estado de São Paulo. Chegavam às minhas mãos diversos diagnósticos feitos por professores, relatando que o aluno possuía deficiência intelectual, quando, na verdade, o aluno era apenas surdo.
O estereótipo é dado pela sociedade, sem saber que os surdos sinalizados (usuários de LIBRAS) possuem sua língua, com gramática e léxico próprios, além de especificidades culturais.
A partir deste contexto, um quadro negativo de autoestima se estabelece e o indivíduo raramente socializa.