Como psicóloga e outras funções, pude sentir de perto as geladeiras educacionais às quais submetemos nossos dias, de nossos filhos e alunos. Nessa realidade de dias sem sentido, em salas frias, com saberes inócuos e relações distantes, soam vozes que nos fazem entender que nosso compromisso com a educação vai além dos muros e nos leva a um mundo de novos ambientes e cheio de indagações. E, como se não soubéssemos, as contradições da educação berram ao pé do nosso ouvido e nos trazem de volta a essa realidade num passe de mágica, quando se trata de “inclusão”.
Nesse momento, o mundo para e pedimos para descer, pois quando falamos de respeitar o direito das pessoas com necessidades especiais ou demais excluídos, já se pensa o quão difícil é conviver com nossos semelhantes, teoricamente da mesma cor, classe social, orientação sexual ou etnia. O que será conviver com essa tal de diversidade? A escola se questiona. Para aceitá-la, será necessário ouvir e respeitar a singularidade de meus alunos. Mas isso tomará muito tempo, refletem! E a cada diversidade vista e encontrada, e aqui, me refiro às diversidades mais perceptivas, como a de crianças que aprendem e não aprendem, simplesmente, congelamos! Trememos e enxergamos (obrigatoriamente), ou não, esse aluno em estado de choque, fazendo um recorte grande e profundo, do que conseguiremos ou não trabalhar com ele. Como se o futuro, ali estivesse, à mão, para consulta.
Com essa nova realidade que as leis e as políticas públicas vêm submeter as escolas, sem as consultá-las, e que, mesmo assim, ainda me pergunto se adiantaria. Então nos colocamos nessa situação insana de buscar o impossível dentro das escolas normativas: uma brecha para sermos nós mesmos! Seguimos com muitas soluções para essas dinâmicas, algumas funcionam, muitas não, e a vida dentro das escolas passou a se considerar ainda mais desafiadora, multidisciplinar e com a existência do estranho, ali, bem no meio da sala de aula, correndo, olhando diferente, questionando de outro jeito, gritando, tirando a concentração de todos. E agora, José? É essa a pergunta que as escolas buscam responder, em seus cotidianos, ainda frios e agora ainda mais confusos.
Alguém gritou: – Mediação Escolar! Esse foi o nome que deram ao trabalho que as escolas passaram a solicitar aos pais, tentando seguir um modelo estrangeiro de ensino. Sim, sim, prosseguimos sem reflexão. Será que precisamos desse personagem dentro da escola? Nossos alunos gostam dessa ajuda? Precisam? Como será feito o apoio? Quem contrata? Qual a formação? Vamos excluir ainda mais os nossos alunos, com essa decisão? São dúvidas que pareceriam pertinentes a processos éticos, que levantariam a questão levando em consideração o nosso alunado. Mas será que seria muito tarde, ou ainda cedo, refletir inicialmente se realmente nos importamos com eles?