O tempo excessivo diante do celular, tablet ou computador é muito prejudicial principalmente ás crianças. Se antes da pandemia, elas já ficavam tempo demais na frente das telas, agora, o tempo, se multiplicou, fazendo com que mais da metade do dia fosse ocupado com essa “ação”. E digo ação entre aspas porque o corpo está parado, a mente está presa ao que o estímulo externo comanda. Ela aprendeu que o mundo está na ponta dos dedos. Basta arrastar que ele se conecta a você. O corpo ficou amortecido; a cabeça para baixo, os ombros encolhidos e o isolamento de um prazer que é momentâneo e instantâneo desconectam as crianças do social.
Estamos perdendo a noção do coletivo. Brincadeiras estão sendo extintas. O contato com a natureza tem dado lugar aos jogos e aplicativos que ditam como a criança deve se comportar para ser aceita num grupo que nem existe.
Parece radical? E é mesmo. Vejo crianças que estão abaladas com tudo isso, e não conseguem mais conectar emoção e razão. Não conseguem aprender, pois estão com a sensibilidade adormecida. Ressalto abaixo sintomas dessas desconexão com o mundo.
Socialização: a criança se basta na frente dos jogos. Prefere ficar lá, sozinha, jogando, do que sair para brincar. E o aprendizado começa aí: sem corpo, sem inteligência emocional.
Mediatismo: a criança não vê sentido naquilo que não dá prazer instantâneo. Não se interessa pelo processo. Tudo tem que acontecer naquele momento. Por isso, não lida bem com frustrações e desafios novos. Empobrecimento do repertório, ela vai para o que é mais interessante para ela apps afins. As crianças pararam de se comunicar com clareza, ficaram menos generosas com as diferenças.
E vocês me perguntam: o que fazer? Comecem desligando suas telas, sejam exemplo. Desliguem a telas das crianças, controlando os horários e os conteúdos. As crianças precisam desse direcionamento. Elas são vítimas! Sejam firmes: reconexão com o natural exige dedicação. Estimulem a brincadeira. Passeiem. Prefiram ficar ao ar livre para esticar o corpo e movimentá-lo. A respiração conecta a pessoa às coisas simples e essenciais. E aproveita para conversar muito. A criança precisa da nossa orientação para fazer essa jornada num mundo que precisa demais de atenção plena, cuidado e amor.
Neuropedagoga
Regina Marques Gonçalves