Existem turbulências que não vêm do clima, nem das circunstâncias.
Vêm de dentro. São aquelas inquietações silenciosas que aparecem quando estamos cansados demais, exigentes demais, acelerados demais… ou quando simplesmente ignoramos sinais que o nosso corpo e a nossa alma já haviam enviado.
Ao contrário do que muitos imaginam, na aviação não é a turbulência que derruba um helicóptero é a forma como o piloto reage a ela. E na vida funciona exatamente da mesma maneira.
Com o tempo, percebi que algumas das maiores “turbulências” que enfrentei não vieram do mundo, vieram de mim: dos meus medos, das minhas pressões internas, dos meus pensamentos acelerados, da minha dificuldade em pedir ajuda, da minha incapacidade por muito tempo de desacelerar.
A verdade é que, às vezes, somos nós que balançamos o próprio voo. Não por fraqueza, mas por hábito. Por sobrevivência. Por acreditar que precisamos dar conta de tudo sozinhos. Por carregar responsabilidades que não são nossas. Por tentar controlar o que não está sob nosso comando.
Assim como no helicóptero, existem momentos em que o vento está estável, mas é o piloto que, sem perceber, aplica comandos desnecessários e o voo balança. Quantas vezes, na vida, fazemos exatamente isso?
Mexemos no que estava funcionando. Criamos problemas onde havia paz. Aceleramos quando o que precisávamos era pousar. Ignoramos limites para atender expectativas que nunca serão suficientes. E, claro, nos culpamos quando tudo parece desestabilizar.

Só que maturidade não é eliminar turbulências. É identificar a fonte delas. Quando a turbulência é externa, você ajusta o voo. Quando a turbulência é interna, você ajusta a si.
A grande virada acontece quando entendemos que se o vento vem de fora, precisamos de técnica, mas se o vento vem de dentro, precisamos de consciência.
A vida exige essa honestidade: a coragem de admitir que, às vezes, o maior obstáculo não está no caminho está no piloto. E isso não é um problema. É uma oportunidade.
Porque tudo o que nasce de nós pode ser transformado por nós. Com fé, com resiliência, com verdade. Assumindo a própria rota, revisando padrões, reconhecendo limites e, principalmente, aceitando que nem todo voo precisa ser perfeito.
Alguns só precisam ser conscientes. Que você aprenda a diferenciar o vento interno do vento externo. E que encontre, dentro de si, o ajuste que estabiliza o seu voo.
Porque, apesar das turbulências internas ou externas o céu é o destino. O céu é o destino.
* Artigo de Marcela Coelho, executiva na aviação e CEO do Mar’s, um espaço que transcende os limites de um salão de beleza tradicional, combinando estética e arte.
Sobre Marcela Coelho
Marcela Coelho construiu sua trajetória entre coragem, disciplina e fé. Executiva na aviação e CEO do Mar’s, une técnica e sensibilidade para traduzir vivências em aprendizados. Acredita que autoconhecimento é a maior ferramenta de transformação e que todo recomeço começa por dentro. Em sua visão, não importa de onde você vem: o céu é o destino.

























