As empresas buscam de forma continuada os profissionais mais criativos e inovadores. A recíproca é verdadeira, os profissionais sonham em trabalhar em empresas inovadoras e criativas. As empresas são feitas por pessoas, e isso implica dizer que as pessoas criativas e inovadoras buscam trabalhar com outras pessoas criativas e também inovadoras. É o que o guru da Liderança John C. Maxwell chama de “lei do magnetismo”.
Maxwell define a lei do magnetismo como a capacidade de líderes inspirarem e atraírem pessoas com características parecidas com a dele. Quem você é define quem você atrai. Talvez isso explique muita coisa. O mundo olha para a Apple e aguarda com expectativa como serão os próximos anos sem Jobs. Jobs foi singularmente genial e, mesmo sendo rotulado como um líder “narcisita produtivo” e pouco carismático, ele soube atrair outros senão iguais ou muito parecidos. Agora é encarar a prova do tempo.
Pense agora num líder que lhe inspira. O que é que ele tem que lhe atrai? O quanto você tem dessas características que lhe atraem?
Quando penso em criatividade lembro-me de imediato da minha infância. Até os meus sete anos de idade, as caixas de creme dental viravam aviões monomotores. Aro de bicicleta virava cesta de basquete. Tocos de madeira e elásticos de soro viravam poderosas armas de feijão (coisas de meninos!). Não havia limite para a imaginação e empenho para criar as engenhocas. Engraçado é que num longo período de tempo essa característica criativa ficou adormecida. Justamente no período em que a vergonha e o medo da opinião social e de me expor começou a crescer dentro de mim. Neste momento, passei a me apegar aos paradigmas e aos modelos padrões de comportamento. Isso tudo funcionava como uma armadura que me protegia de ser ridicularizado ou rejeitado por pensar diferente (mas eu não agia diferente). O nosso tradicional modelo educacional nos ensina a sermos excelentes repetidores e bons executores. Fomos ensinados a sufocar aquilo que o mercado atualmente mais valoriza e busca: criatividade e autenticidade. Sim, um grupo de pessoas criativas e autênticas forma um ambiente criativo.
Na era dos especialistas, é obrigatório ter uma resposta pronta e uma solução baseada na experiência. É o modelo padrão de comportamento corporativo predominante, envolto pela capa da “experiência”, sempre dentro da “zona de conforto” e o menos autêntico possível. É assim que queremos inovar? Repetindo de forma segura e tradicional as boas e velhas soluções já desgastadas pelo uso?
A liderança criativa é necessariamente um culto à vulnerabilidade. E o ponto de partida para formar um ambiente criativo e inovador é a prática da liberdade de dizer: não sei. Despindo-se do “saber pré-pronto”, longe da zona de conforto de quem não é curioso para descobrir o novo. O diferencial está justamente em se sentir desafiado em descobrir algo novo e de um jeito diferente, e acreditar que é possível.
Os colaboradores já “vestiram a camisa” na década de 90, agora o slogan é “pensar fora da caixa”, isto é, ser mais criativo, quebrar paradigmas e inovar. Não existem empresas criativas. O que existe são líderes criativos que atraem profissionais criativos. E esses líderes criativos valorizam o conhecimento. E por valorizarem o conhecimento eles criam ambientes favoráveis ao desejo de pensar “fora da caixa”. O líder criativo tem a responsabilidade criar um ambiente favorável à criatividade e cultivar em seus liderados o desejo de criar. Cabe registrar que não estamos falando de políticas de remuneração variável bonificando as ideias que forem adotadas pela empresa. Em alguns casos o dinheiro esvazia o prazer e mata a espontaneidade. Criar um ambiente favorável à criatividade está relacionado à:
1. Dar um norte para o pensamento. É o maestro quem define qual é a música que será entoada. O líder criativo precisa dar um foco para canalizar o esforço criativo da equipe. Em muitos casos, esse foco é um problema. Não consiste em identificar um problema para encontrar os culpados, mas sim identificar a origem do problema e focar a equipe para pensar em soluções.
2. Incubação de ideias. Cabe ao líder criativo regar as sementes de boas idéias com o tempo. É do líder a responsabilidade de controlar a ansiedade do grupo em querer eleger uma solução para o problema sem dedicar tempo suficiente para ter os indícios da melhor ideia. Quando tratamos do campo das ideias, a ansiedade é a vitamina da superficialidade. O líder criativo tem o poder de conduzir a equipe a um aprofundamento capaz de trazer à tona um conjunto de conhecimento diferenciado e especial. Na era do “tudo pra ontem” saber transformar a ansiedade numa boa expectativa é um desafio para os líderes criativos.
3. Desafiar a equipe diariamente. Ao definir um foco é preciso desafiar a equipe a realizar um esforço coletivo e colaborativo. Não é provar que é o mais inteligente, mas de quem é mais ousado e corajoso. É preciso ter coragem para se expor. O trabalho coletivo pode dividir a autoria, mas também diminui o peso da exposição que é um fator inibidor da criatividade. Além disso, a correlação de diversas ideias tem um grande potencial de conhecimento e criatividade. Mas isso não acontece espontaneamente, é preciso provocar e desafiar a equipe a buscar e compartilhar o seu melhor. É preciso coragem e liderança.
4. Fazer perguntas poderosas. O líder criativo não é uma máquina de respostas, mas um mestre em fazer perguntas poderosas que inspiram os colaboradores a pensar além. Como a nossa empresa pode ser beneficiada com isso? O que dever ser feito para executarmos essa ideia? Além dessa ideia, qual outra situação merece a atenção da empresa? O quanto você acredita que essa ideia pode dar certo? Quando isso acontecer, como você imagina que estaremos? Por que devemos investir nessa ideia? Se não der certo o que é que iremos perder? E se não executarmos o que iremos perder? Enfim, um líder criativo não é um “sabe tudo”, mas um mestre na arte de perguntar.
5. Consciência do seu papel. O líder criativo sabe que não está disputando com os seus liderados. E por saber disso, está vacinado contra a doença da vaidade extremada. Ele sabe distinguir a satisfação de ter montado um time criativo e vencedor, do orgulho em achar que todo o sucesso alcançado foi devido a ele. Um líder criativo vaidoso não é líder, é apenas um profissional tentando se aproveitar da potencial criatividade de seus colegas para se promover. Esta situação não é sustentável. É fundamental que o líder criativo seja maduro suficiente para saber que o seu papel é criar um ambiente criativo e conduzir a sua equipe para a produção de ideias inovadoras, criando condições favoráveis para que essas ideias ganhem vida, gerando satisfação, o sentimento de realização e obtendo o reconhecimento para os envolvidos no processo.
Você é um líder? Está satisfeito com a sua equipe? Que tipo de liderado você tem atraído? Reflita melhor sobre o líder você é, e o tipo de líder que deseja ser nos próximos anos.