“Bendito quem inventou o belo truque do calendário, pois o bom da segunda-feira, do dia 1° do mês e de cada ano novo é que nos dão a impressão de que a vida não continua, apenas recomeça.”
Autor Desconhecido*
Chegamos em dezembro! De novo aquela sensação de que o ano voou. Estudos indicam que a medida que envelhecemos as coisas começam a se repetir. As experiências novas (aquelas que fazem a mente parar e pensar de verdade, fazendo com que seu dia pareça ter sido longo e cheio de novidades), vão diminuindo. O que faz o tempo parecer acelerar.
Algumas repetições da vida, um dia, tornam-se lembranças boas e inesquecíveis, como o Bacalhau que meu pai fazia. Corujise à parte, o melhor que já comi!
O bacalhau é presença confirmada à mesa e um dos mais tradicionais pratos natalinos. Para encontrarmos o casamento perfeito entre bacalhau e vinho, devemos levar em consideração o modo de preparo e método de cocção. Muitas são as formas de preparo do Bacalhau e inúmeras são as possibilidades de harmonização.Vale ressaltar que bacalhau é o processo e não o peixe. O produto resultante do método de salga e secura a que são submetidos cinco tipos de peixe (gadus morua, macrocefalus, zarbo, cod e ling). Ou seja, bacalhau fresco não existe. “Devemos aos portugueses o reconhecimento por terem sido os primeiros a introduzir, na alimentação, este peixe precioso, universalmente conhecido e apreciado” (Auguste Escoffier, chefe de cozinha francês, 1903). Por isso, dedicaremos esse artigo a alguns dos vinhos portugueses mais apreciados no Brasil e em quase todo mundo.
Entre eles o tradicional Vinho Verde Branco. A Denominação de Origem Controlada Vinho Verde está localizada no Norte de Portugal, terra dos vinhos mais conhecidos do país. Onde encontram-se também as DOC Bairrada, Dão e Douro. O nome Vinho Verde é muito antigo e sua origem incerta. Alguns estudiosos dizem que pode ser devido ao intenso verde da região, outros dizem que se deve ao seu frescor. Um dos mitos infundados sobre o nome do vinho, é que a uva seria colhida ainda verde, porém, a colheita é feita na época normal. Uma das características principais dos vinhos verdes é o gás carbônico residual. Apreciado pelo frescor e leveza, os vinhos devem ser degustados jovens aproveitando seu aroma frutado e floral, com notas de ervas. Acompanham com perfeição as saladas de Bacalhau.
Na DOC Bairrada, temos a uva Baga como protagonista. Que produz quase todos os vinhos tintos da região, seus vinhos possuem bastante corpo e grande capacidade de envelhecimento. E onde o engenheiro químico Luís Pato produz um dos melhores e mais longevos vinhos da região o Vinhas Velhas. Podemos “casar” os vinhos tintos da Bairrada, com o bacalhau assado. Os brancos amadeirados elaborados com as uvas Maria Gomes e Alvarinho também fazem uma bela parceria.
Criada em 1756 por influência do Marques de Pombal e produtora do mais famoso vinho de Portugal, o Vinho Porto, a DOC Douro é a segunda DOC mais antiga do mundo. Os vinhos tintos produzidos na região tem intensidade e riqueza. E se a receita for Bacalhau à Zé do Pipo, os vinhos do Douro serão companheiros perfeitos.
Os Portos são vinhos fortificados e inventados quase por acidente. Quando os vinhos faziam longas viagens de navio, era comum a adição de aguardente vínica durante o processo de vinificação, para interromper a fermentação e manter o açúcar natural das uvas. Tornando-o mais resistente e apto a navegar por longos meses. Como aperitivo, acompanhando as sobremesas à base de chocolate, nozes, café e caramelo, os Portos embelezam a vida!
Cortada pelo rio com o mesmo nome, a DOC Dão produz vinhos tintos aveludados, de médio corpo a encorpados. Já seus vinhos brancos em sua maioria, são frescos, leves e aromáticos. Destacam-se entre os produtores do Dão, a Sogrape maior produtora de Portugal, e a Dão Sul que entre tantos feitos, criou em 2002 no Vale de São Francisco a ViniBrasil, produzindo o vinho Rio Sol. Os vinhos tintos do Dão e o Bacalhau à Gomes de Sá são sucesso garantido.
Não poderiam faltar os espumantes, que acompanham desde o bolinho de bacalhau ao prato principal.
Agradeço a Utilitá a oportunidade de poder dividir alguns dos encantos que vem junto a uma garrafa de vinho.
Desejo a vocês um Ano com dias cheios de boas novidades, que as coisas boas estejam no presente. Feliz Natal e um 2015 cheio de paz, saúde, bons vinhos, dindim e muito muito Amor! Saúde!!!
* alguns atribuem erroneamente a frase inicial do artigo a Mario Quintana.