É importante classificarmos as causas como involuntárias e voluntárias. As involuntárias são as causas de natureza biológica, de saúde mental. Doenças como depressão, Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade, Síndrome do Pânico etc. Em relação a estas, o mais importante é o diagnóstico por um especialista e o imediato tratamento. Em relação às causas voluntárias da Procrastinação, ou seja, causadas pelo próprio indivíduo, tenho percebido duas principais causas: Qualidade das escolhas e o Idealismo.
Qualidade das Escolhas – Uma das maiores evidências da inteligência humana é o poder de realizar escolhas. Entretanto, muitas pessoas sofrem com tal poder preferindo que outras pessoas (pais, chefes, governo etc.) decidam por eles. Fazendo foco em Brasil, é um problema crônico de nossa educação, desde cedo oferecer ao aluno questões de múltiplas escolhas, ali tem algumas escolhas, limitando assim o poder de escolha dos alunos. É uma falsa liberdade. Portanto, a maior parte da população é treinada para aceitar as escolhas feitas por superiores. Isso é uma tragédia! Como dirá Jean Paul Sartre, “Somos condenados a ser livres”. As escolhas são feitas baseadas num juízo de valor, todo mundo escolhe a partir da conclusão de que aquela escolha é a melhor, se não fosse não escolheria. Ora, comprar ou não uma bolsa? Você se imagina com a bolsa, e a cena que imagina é bela! Resultado: compra. Quando não avaliamos muito bem uma situação e não percebemos valor, escolhemos o não fazer, ou não priorizar. Se algo agrega pouco valor, certamente não será prioridade. Se não tem muito valor para nós, fatalmente não teremos vontade para fazer. Vontade é o motivo que é transformado em força para agir.
É muito importante ressaltar que todos nós procrastinamos. Precisamos refletir em quais situações é prejudicial ou benéfico. Por exemplo, procrastinar a venda de um imóvel poder ser benéfico, quando o valor deste aumenta. Mas procrastinar uma consulta ao cardiologista pode não ser uma boa ideia. Portanto, a procrastinação não é algo necessariamente ruim se as escolhas forem criteriosas e bem feitas. Quando assim acontece, o que existe é uma priorização de tarefas, o que é bom. Agora, se as escolhas são mal feitas, tarefas importantes são adiadas, e isso certamente acarreta em prejuízo.
Idealismo – Existem pessoas que precisam ter as condições ideais para que executar uma tarefa. Como a condição ideal geralmente é difícil, a tarefa vai sendo procrastinada. Esse tipo de pessoa também costuma ser perfeccionista. Não admite que a tarefa seja mal feita. E quem é o perfeccionista senão um colecionador de frustrações? Porque perfeição não é fazer algo segundo os padrões mentais dele. Perfeição é a convicção de que está sendo feito o melhor que pode. O que passa disso é o que chamamos de milagre.
A procrastinação é um comportamento natural de todos os seres humanos. A diferença está na intensidade que as pessoas procrastinam e qual é o padrão mental de escolhas. A procrastinação é o comportamento que concretiza a decisão tomada, neste caso, fazer depois.
Procrastinação não é a mesma coisa que preguiça. A preguiça é a ideia de não desperdiçar energia. Essa ideia surge na escolha de que algo não vale à pena ser feito, sendo a escolha, poupar energia. Portanto, a procrastinação é o resultado da escolha poupar energia, preguiça.
Há quem procrastine apenas no trabalho ou na vida social, por exemplo, ou a procrastinação permeia todas as áreas da vida de alguém?
A procrastinação é algo inerente ao ser humano. O que acontece é que em alguns ambientes a procrastinação gera consequências mais evidentes causando a impressão que a pessoa age desta forma somente num determinado ambiente.
Eu sugiro adotar uma metodologia para tomada de decisões. A intenção desta metodologia é ajudar a criar um padrão mental mais qualificado para decidir, e mesmo que a decisão seja procrastinar, o será feita com a tranquilidade de que não está sendo gerado nenhum prejuízo. A metodologia que indico é a Matriz GUT, onde as tarefas a serem feitas são listadas numa planilha e classificadas a partir da Gravidade, Urgência e Tendência. Após pontuar as tarefas existe um fator que o permitirá visualizar o que é prioritário e o que pode ser procrastinado sem prejuízos. Estou disponibilizando um modelo em anexo que certamente irá lhe ajudar.