Termina essa semana o recesso escolar e os pequenos começam a retornar para as creches e escolas. Nesse período, também começam alguns questionamentos dos responsáveis, que nos procuram para responder suas inquietações. Muitos perguntam se é agora no início do semestre que iremos promover a retirada das fraldas dos bebês e se já podem começar a comprar calcinhas ou cuecas.
Ainda que a creche escute essas dúvidas e busque ajudá-los (pois, afinal, como costumo dizer, os bebês não vêm com manual de instrução), creio que a retirada da fralda não deva ser uma atividade pedagógica, como algumas instituições propõem, trazendo pinicos para dentro da sala, etc. Mesmo acreditando que o educar e o cuidar caminham juntos e que não podem ser dissociados, colocar todas as crianças juntas para a retirada da fralda é não respeitar o momento de cada uma delas.
A decisão acerca do momento de começar esse desfralde deve ser da família. Eu diria mais: a criança é que nos sinaliza que chegou esse momento. É ela que começa a ficar incomodada com a fralda e a querer tirá-la como se não lhe pertencesse mais. A criança é muito observadora, atenta a tudo que está à sua volta. Ao observar os pais e irmãos usando o vaso sanitário, começa a imitá-los, querendo fazer parte desse grupo familiar.
Outro aspecto que participa dessa sinalização é a linguagem: a criança começa a nomear tudo que vê pela frente, perguntar seu significado… Como cada criança é única e revela ritmos diferentes – tanto na linguagem quanto na coordenação motora, na lógica, etc. – acredito que não seria justo impor essa retirada de fraldas coletiva. O mais apropriado seria que a família tivesse essa iniciativa e a creche fosse uma parceira, intensificando as idas ao banheiro para que esse momento seja vivido com tranquilidade e naturalidade, como qualquer fase do desenvolvimento infantil.