Receber o diagnóstico do câncer de mama faz qualquer mulher se aterrorizar. O mundo vira de cabeça para baixo, o dia a dia passa a ser voltado à solução da doença, a ansiedade toma conta e o medo intimida. Estes são alguns dos pensamentos que assombram as mulheres vítimas do câncer, assim como foi com Lourdes França, diagnosticada com câncer de mama aos 45 anos, mas que o superou aprendendo a usar o obstáculo como força.
Em abril de 2013, após uma mamografia, Lourdinha descobriu a presença de nódulos pontiagudos em sua mama e recebeu a notícia de que teria que tirá-la. “Não é fácil. Depois que eu recebi a notícia, eu só pensava que precisava enfrentar da maneira menos dolorosa possível. Lembro como se fosse hoje, eu corri para o mar e pedi por minhas filhas. Tomei coragem e decidi enfrentar” – conta ela. Cerca de quatro meses depois, Lourdes entrou no consultório de sua mastologista, a Thaís Agnese Lannes, com a decisão remover toda a sua mama.
Em julho, perdendo todo seu seio, não foram necessários os procedimentos da quimioterapia e da radioterapia, e a reconstrução, feita pela Daniella Baptista Varela, cirurgiã especialista pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, foi imediata e trabalhada em equipe. “No caso da Lourdes, o tratamento do câncer de mama foi em conjunto com a mastologista. Ou seja, no mesmo tempo cirúrgico, foi feita a retirada da mama e a reconstrução utilizando retalho muscular das costas e prótese de silicone. Esta conduta permite manter a pele da mama e a realização de cicatrizes reduzidas e semelhantes à de mamoplastia”, explica Daniella.
Depois de toda passagem pela atribulação recebida após o diagnóstico, surpreendendo, novamente, a todos, Lourdes decidiu entrar na aula de surf, na Recreio Open, e foi o surf que se tornou sua terapia. “No começo, eu tive dificuldades na remada, eu não tinha forças. Mas me superei. Acredito que valeu a pena todo o esforço que tive, o esporte foi crucial para a minha recuperação”.
Ter recebido a notícia do câncer fez Lourdinha enxergar a vida de outras formas, o que a transformou, mas, surpreendentemente, para melhor. “Muita coisa mudou, sempre fui muito ativa, mas hoje agradeço muito mais, dou mais valor às coisas. Qualquer problema não é tão grande quanto antes. Quero que, com a minha história, as pessoas se inspirem a não desistir. Quero que elas tenham fé e acreditem que vão superar e que consigam enxergar o melhor dentro dos nossos medos. E, claro, que as mulheres façam a mamografia sempre que necessário”, recomenda Lourdes.