O universo do futebol já ultrapassou os limites das quatro linhas do gramado. Os jogadores, hoje, são envolvidos em pressões que vão além daquelas anteriormente exercidas pela torcida ou pelo técnico. O esporte virou negócio e, como todo negócio, precisa ser administrado.
Em gestões de crise, empresas costumam contratar frequentemente coaches capazes de oferecer treinamentos específicos e driblar o problema, instruindo os funcionários. É exatamente esse o caso de José Luiz Tavares, ou, como é popularmente conhecido, Lulinha Tavares. Desde 2008, o ex-jogador, formado em Educação Física e pós-graduado em Psicologia do Esporte,Master Coach e Fifa Master em Gestão, Marketing e Direito no Esporte, exerce a profissão de Coach Esportivo.
Lulinha já foi contratado para a função por grandes clubes brasileiros, como Flamengo e Palmeiras – na fase em que o último se encontrava lutando contra o rebaixamento – e confirma na prática a importância do coach para um time e/ou um jogador individualmente. Hoje, o profissional o profissional já está há dois meses no Bahia, clube que segue nas primeiras colocações na série B do Brasileirão.
Confira a entrevista e saiba mais sobre essa função que ainda é muito recente no futebol brasileiro:
Você é pós-graduado em Psicologia do Esporte. Qual é a importância dessa área para um grande clube?
Na verdade, acredito que seja importante em clubes, independentemente do tamanho. O desporto de alto rendimento submete aos que praticam pressões que apenas mentes bem treinadas são capazes de suportar. Defendo a maior exploração desse profissional, que pode contribuir significativamente em uma equipe interdisciplinar.
Como funciona o seu trabalho?
Fazemos atividades em grupo, alinhados com a comissão técnica e a diretoria; realizamos atendimentos individuais, nos quaisos atletas são ouvidos e estimulados a estabelecerem metas, métricas e tarefas a fim de buscarem melhores resultados.
Acabamos de completar um ano do vexame da nossa seleção na Copa 2014. Como vê a importância de um coach nessa situação?
Coaching tem a ver com tomar consciência, promover mudanças significativas e desafiadoras em prol de grandes resultados. Certamente que o ocorrido na Copa 2014 é passível pelo menos de reflexão.
Os jogadores trabalham muito sob pressão, como afastar esses holofotes?
Na verdade, a diferença está em como lidar com a pressão, minimizar e/ ou neutralizar, visto que ela aumenta a cada dia. Um atleta consciente se expõe menos às pressões que podem ser evitadas com o seu “adequado” comportamento fora de campo.
O que mudou do futebol de quando você era jogador para hoje?
Os níveis de força e velocidade e a exposição midiática aumentaram significativamente do tempo em que pratiquei o esporte pra cá. Hoje, podemos afirmar que o atleta é um “ser humano Fórmula-1”.
Qual foi o seu trabalho mais difícil?
Com certeza, foi o último no Palmeiras, em 2014. Chegamos ao clube após uma humilhante goleada por 6 a 0 (para o Goiás), com o time em último lugar no ano de seu centenário.
Quais as suas expectativas para o Bahia?
Encontramos um clube em reestruturação, com pessoas sérias, comprometidas e capazes, o que cria uma perspectiva de sucesso e conquistas. Afinal, como diz o velho ditado: ter um bom planejamento não garante o sucesso de um projeto, mas a sua ausência pode determinar o fracasso.