Gilssara Motta Thiengo mora no Recreio, mas suas raízes estão em Cachoeiro do Itapemirim, cidade do interior do Espírito Santo, onde sua família tem cafezais até hoje. Quando criança, adorava brincar de casinha entre as sombras dos pés de café. Quando cresceu, passou a ajudar o tio a secar os grãos e a preparar o café cereja.
-São tantas as lembranças que até dói. Minha casa era como essas de fazenda antiga, tinha uma varanda cercada pelo cafezal. Quando meus pais saíam, minha prima e eu brincávamos de imitar Sandy e Junior e o cafezal era nossa plateia – recorda.
Desde quando sua família produz café?
Meus tataravôs, bisavôs, avós, meu pai e meus tios, todos sempre foram produtores de café. Minha família é muito grande e os mais antigos vivem disso.
Você ajudava seus familiares na produção?
Meus pais não iam com frequência à lavoura, pois sempre tivemos muitos colonos. Meu pai só administrava, mas a gente gostava de ir. Minha irmã e eu íamos para juntar dinheiro, meu pai deixava a gente pegar o café e ficar para a gente.
Desde quantos anos você toma café?
Desde muito cedo. Em uma família que se vive do café, não há mal em tomar, sendo no interior onde tudo inclui um cafezinho. Minha mãe conta que quando eu tinha um aninho de idade ela colocava água no café para esfriar e ficar mais fraquinho e assim eu tomava.
Há semelhança entre o Recreio e a sua cidade natal?
Acho que não tem. Cresci em uma cidadezinha de 15 mil habitantes, com poucas ruas e uma pracinha com coreto, onde todo mundo se junta nos fins de semana. O rico e o pobre estudam na mesma escola, pois só tem uma.