Os desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro acontecem na Marquês de Sapucaí desde 1984. Mas, nos últimos anos, uma proposta surgiu no mundo samba: a transferência do sambódromo para a Barra da Tijuca.
O presidente da Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa), Gabriel David, contou o que motivou o projeto e se ele teve participação na ideia.
“A ideia do sambódromo na Barra da Tijuca nunca, de fato, foi algo consolidado. Eu nem estava na liga quando citei isso. Mas já tinha escutado isso aqui dentro (Liesa). Não era uma coisa que veio de mim. É uma coisa que eu ouvi, e o princípio não era levar o sambódromo para outro lugar. O princípio, que ainda é existente, e a gente precisa falar sobre isso, é que estruturalmente o local tem vários problemas. Como consertar isso é outra discussão”, explicou.
Gabriel David disse que, a partir dos problemas, a transferência do Sambódromo para a Barra era uma das opções.
‘Talvez a forma mais barata, pensando urbanisticamente, seja vender aquele espaço, comprar outro mais barato e reconstruir essa história. É a melhor forma? Com certeza, não. Mas se você parar para pensar que quando isso foi citado em uma entrevista, o Carnaval estava quebrado”, destacou.

“A história do sambódromo na Barra é porque era mais barato, mas não era uma solução minha. Até porque eu nem trabalhava na Liga. Mas, naquele momento, era única solução para o sambódromo… a prefeitura não ia fazer nada, a prefeitura nem estava dando dinheiro para o Carnaval, o Sambódromo estava completamente abandonado e a gente paga o preço disso até hoje”, diz.
Gabriel disse que durante o governo Crivella, o Sambódromo foi depredado.
“O sambódromo ficou quatro anos sem nem ter segurança ao longo do ano. Qualquer um entrava no sambódromo e fazia o que queria. Então, muitas coisas foram destruídas ao longo dos anos. Os banheiros foram depredados durante quatro anos. A responsabilidade de manter o sambódromo é da Prefeitura, da Riotur, que hoje melhorou significativamente isso. Mas essas instituições ainda pagam o preço por quatro anos de má gestão, principalmente durante o governo Crivella”, disse.
“A gente precisa voltar (no tempo). Agora o Carnaval tá (bem), as escolas estão com dinheiro, os artistas estão recebendo, a produção tem melhorado muito. É um outro cenário, completamente diferente”
Atualmente, a ideia de transferência do sambódromo para a Barra deu lugar à proposta de melhorar a região do atual Sambódromo da Sapucaí, na área central da cidade do Rio .
“Aí vem o (prefeito) Eduardo Paes, um cara que pensa o Rio de uma forma muito mais coerente, com soluções muito mais realísticas, mais importantes. E aí de fato, vamos melhorar o entorno, vamos repensar onde ele está. Vai ser mais custoso? Vai. Mas aí vem a inteligência política: você não precisa de dinheiro público para fazer obra, e acho que é isso que o Eduardo vem propondo. E os nossos diálogos são fundamentais para que o Carnaval possa aumentar o impacto positivo que ele causa na cidade”, defendeu.
* Com informações de 0 Globo