No inicio dos anos 90, o Brasil era considerado um país de jovens. No entanto, nossa pirâmide etária vem apresentando mudanças, que são reflexos de nossa transformação atual. De acordo com o IBGE, 11% de nossa população são de idosos e para sermos considerados como tal, temos que chegar a 14%. Esse fenômeno é fruto da conjunção de alguns fatores, entre eles: aumento da qualidade de vida, que reflete em maior longevidade. Em 1980 a expectativa de vida era de 62,5 anos e agora é de 74 anos. Sem contar que a nossa média de aposentadoria é de 54 anos.
Agora faço uma pergunta: o que esses números podem interferir em nossa vida? Este fluxo tem gerado uma demanda crescente de profissionais com muita experiência pessoal e profissional no mercado de trabalho, que possuem muita carreira pela frente. Muitos fazem o que gostam e o que sabem fazer e não se imaginam praticando outra atividade. Além destes fatores, uma pessoa mais madura não sofre de algumas situações que um jovem normalmente passa: não tem filhos pequenos para cuidar, não chegam cansados de noitadas, passam mais credibilidade e são mais estáveis em seus empregos.
Falando ainda sobre a estabilidade, cabe ressaltar que os profissionais que hoje entram no mercado de trabalho fazem parte do que os estudiosos chamam de geração Z. Estes se caracterizam pelo imediatismo, dificuldade de lidar com hierarquia e falta de concentração. Citei apenas esses pontos para sinalizar, pois existem outras questões que têm tornado a convivência não tão fácil. Inclusive, não é raro ir a um estabelecimento e ser atendido por um jovem que não larga o celular! De uma forma geral e, logicamente considerando que existem exceções de ambos os lados, com um colaborador pertencente à terceira idade, que pertence à geração X ou é um Baby Boomer, quase que certamente tal situação não ocorreria.
Neste contexto, com todas as vantagens citadas, parece até que o mercado enxerga tudo isso e que os pertencentes a este público estão vivendo um ‘mar de rosas’, correto? Errado! Primeiro, porque o teto de R$ 4.662,43 da aposentadoria representa para muitos queda em seu padrão de vida. Ou seja, não importando sua renda anterior, seu teto salarial será este. Além disso, vivemos uma grande contradição, pois mesmo com todas estas qualidades, muitas empresas desprezam este grupo. Só para se ter uma ideia, no Brasil, para ser presidente é necessário ter, ao menos, 35 anos. Sendo que esta mesma idade é limite para muitos cargos. Pessoas com 35, 40 anos já sentem uma certa rejeição pela questão etária. Contraditório, não?
Entretanto, empresas como o Grupo Pão-de-Açúcar, Supermercados Extra e Pizza Hut possuem programas regulares de contratação de pessoas da terceira idade. O sistema previdenciário criou um subterfúgio chamado desaposentação, responsável pelo aumento do benefício recebido, pois permite que o profissional continue trabalhando após a aposentadoria e depois consiga melhorar o valor recebido. Existe ainda o processo chamado semi-aposentadoria, que compreende a redução da jornada de trabalho. Além disso, tem o processo do empreendedorismo, que vem se tornando mais expressivo nesta faixa etária.
Sobre o empreendedorismo para este grupo, pode se tratar de uma grande chance de realizar o grande sonho do próprio negócio. Normalmente, as pessoas não associam a carreira profissional ao prazer, ao sonho, e passam a vida inteira esperando este momento para sua libertação. A seu favor, contam anos de mercado, algum dinheiro guardado, uma renda fixa que poderá manter seus gastos fixos e experiência de vida.
Em suma, o profissional mais maduro está ganhando progressivamente mais espaço no mercado de trabalho, mas ainda está longe do ideal. Muitas empresas ainda abrem mão desta experiência por uma suposta vitalidade. Definitivamente, já não podemos mais tratá-los como margem de um sistema, até porque por muito tempo foram eles que ditaram as regras em nosso mundo. Será que não possuem mais nada a acrescentar?
Mercado de trabalho e a terceira idade
- Profissionais ocupados: 44% autônomos, 31,4% assalariados, 9,8% empregados domésticos, 9,7% empregadores;
- 5,5% dos empreendedores no Brasil possuem entre 55 e 64 anos;
- 29% dos brasileiros que se encontram entre 55 e 64 anos se encontram em semi-aposentadoria;
- 86% dos que querem continuar ou voltar a trabalhar têm o desejo de continuar na mesma área;
- Áreas de maior interesse: Engenharia civil, mecânica e Eletrotécnica, Administração de empresas e vendas;
- 36% dos aposentados inativos receberam ao menos uma proposta de emprego no último ano.
Espero que tenham gostado!
Obrigado !