Ainda não chegamos a metade de 2017 e já são 81 policiais mortos no Estado do Rio de Janeiro, número muito superior aos policiais mortos durante o mesmo período em 2016, demonstrando a alarmante situação da segurança pública em nosso Estado e o abandono das forças policiais.
Esses números superam e muito, por exemplo, a quantidade de militares mortos em qualquer guerra ou zona de conflito do planeta, tornando o exercício policial no Rio a atividade mais perigosa do mundo, porém estranhamente esses números não mobilizam a sociedade organizada nem tão pouco as diversas entidades de direitos humanos, talvez se fossem 81 médicos, 81 Garis da Comlurb ou quem sabe 81 Camelôs esse fato estaria sendo divulgado e debatido em todos os fóruns técnicos e sociais, talvez grandes campanhas de solidariedade teriam sido lançadas, leis aprovadas e uma onda de apoio sem precedentes estaria hoje invadindo as ruas.
Mas são apenas 81 policiais, 81 chefes de família, que exerciam a função de ser o muro que separa a sociedade do caos, 81 homens mal pagos e mal treinados, com salários e gratificações atrasadas, 81 homens que a sociedade sequer tem a dignidade de dar um simples bom dia na rua, quiçá agradecer pelos relevantes serviços prestados, pelas noites sem dormir, pelos problemas e sequelas físicas e psicológicas.
Mas não! São apenas 81 policiais, 81 cães de guarda, igual aqueles que alguns mantem no quintal de casa, mal alimentados, mal amados, mas sempre dispostos a garantir nossa segurança e paz com a própria vida, mas o cão agora está agonizando, o estado faliu, as políticas de segurança pública caíram por terra, a paz que tanto se pregava e divulgava através das UPPs nem de longe foi atingida, o mar de corrupção e roubalheira deixa cada vez mais uma mancha de sangue que dificilmente será apagada. E nossos policiais sucumbem na defesa da sociedade, e a sociedade mesmo agonizando não se preocupa em salvar o seu fiel protetor.
Com o agravamento desta crise já estamos vivendo uma debandada de policiais que hoje procuram migrar para outras profissões e carreiras, em médio prazo veremos uma queda da procura para os concursos da polícia e uma diminuição significativa do efetivo policial que hoje já acontece devido as baixas, as centenas de policiais que hoje necessitam de atendimento médico e psicológico e ao envelhecimento dos quadros que buscam a aposentadoria por tempo de serviço antes de virarem uma simples estatística no quadro de óbitos da corporação.
E diante deste quadro caótico e deprimente da Segurança Pública no Estado do Rio de Janeiro resta a pergunta: E agora quem vai proteger a polícia?
Prof. José Ricardo Rocha Bandeira
Presidente
Instituto de Criminalística e Ciências Policiais da América Latina