Como gestora de diversidade, estou otimista com os avanços em ESG feitos pelas companhias. Aos poucos vamos tornando o termo mais conhecido e mais aplicado na prática. Mas afinal, do que se trata essa sigla?
A sigla ESG vem do termo em inglês Environmental, Social and Governance – ou, em português, ASG, referindo-se a: Ambiental, Social e Governança. No mundo corporativo, as práticas ESG são aquelas que incorporam questões ambientais, sociais e de governança não só a momentos específicos de atuação, mas ao modelo de negócio da empresa.
As práticas ESG têm ganhado notoriedade por diversos motivos. Dentre eles, um dos principais é a mudança de postura do mercado quanto às empresas de capital aberto ou em busca de investimentos (do seed capital às rodadas mais avançadas). Isso porque investidores buscam cada vez os chamados “investimentos responsáveis” na alocação de seus recursos – o que implica, necessariamente, algumas práticas de ESG bem estabelecidas. Exemplo disso é o movimento da Nasdaq para exigir ao menos dois membros de grupos minoritários nos conselhos de administração das empresas da bolsa.
Globalmente já são mais de US$ 30 trilhões em ativos sob gestão gerenciados por fundos que definiram estratégias sustentáveis, o que representa um aumento de 34% em relação a 2016, de acordo com a Global Sustainable Investment Alliance em dados apresentados pela consultoria financeira da XP.
Outro dado que evidencia a importância dos critérios ESG é o aumento do número de signatários do código de sustentabilidade do PRI (Principles for Responsible Investment), que mais que dobrou de 2016 para hoje, segundo o The Capital Advisor. Isso demonstra um movimento de mercado em torno do comprometimento com o tema.
No Brasil, a discussão sobre essas práticas só está começando. Embora tenhamos observado um movimento das empresas em torno do tema, ainda são poucas que endereçam as práticas de maneira consolidada dentro de sua estrutura. Podemos observar isso através do número de áreas de diversidade dentro das organizações: segundo a Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje), menos da metade das médias e grandes empresas brasileiras possuem uma área dedicada ao tema.
Dependendo do modelo de negócio da empresa, podemos encontrar mais ou menos sinergia entre os diferentes eixos das práticas ESG. Porém, uma que é presente e constante para todas é a questão social. Os funcionários são encarados enquanto organismos ativos dentro da sociedade, que recrutam pessoas, vendem produtos e serviços que serão usados por pessoas, e assim interferem diretamente no bem-estar social.
E falando das expectativas da sociedade com relação às empresas, as pessoas consumidoras estão cada vez mais exigentes com o impacto das organizações. Uma pesquisa da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP) apontou que, no Brasil, 87% dos clientes preferem empresas sustentáveis; e segundo o estudo EY Future Consumer Index, 46% dos consumidores considerariam pagar um prêmio de preço em itens que tragam benefícios ambientais e sociais.
Ok, está claro que ESG veio pra ficar. Qual o próximo passo da sua empresa?
Independentemente do tamanho da empresa, precisamos nos lembrar que dois comportamentos devem sempre estar presentes nos esforços ESG: continuidade e transparência. Os critérios ESG não são uma tarefa dentro de uma checklist organizacional, mas sim indicadores de uma transformação organizacional, que podem ser mensurados com objetividade e reportados interna e externamente.
Se você é uma pessoa tomadora de decisão dentro de uma empresa e entendeu a importância dos critérios ESG, talvez você esteja agora se questionando como colocá-los no dia a dia da sua organização. Minha sugestão é que você comece com um entendimento de cenário. Compreenda qual a realidade de sua empresa hoje nos mais diversos eixos dos critérios e a partir daí construa uma estratégia com índices que possam ser mapeados. O trabalho é contínuo, mas os resultados para as empresas que entenderem que ESG é uma realidade e não uma tendência de futuro também serão perenes.
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