Enfermeira por formação, servidora pública por vocação. Acredito que os bastidores também têm voz. Escrevo para provocar reflexões, tornar os direitos mais acessíveis e a inclusão mais real, compartilhando vivências e levando informações que tocam e transformam.
Desde cedo, aprendi a me importar. Primeiro como enfermeira, depois como Servidora Pública. Sempre acreditei que cuidar vai além da técnica, é sobre presença, escuta e compromisso com o outro. Ao longo da minha trajetória, entendi que muitas das transformações que mudam a vida das pessoas começam em silêncio, nos bastidores. E que o conhecimento, é um caminho poderoso para a inclusão. Participar dessa coluna, é mais uma forma de cumprir meu propósito: compartilhar conhecimento que empodera, alcança e transforma.
Hoje, quero falar sobre conquistas que precisam ser conhecidas: os avanços nas políticas públicas voltadas à saúde, à educação e à representatividade de pessoas com deficiência, especialmente aquelas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e Síndrome de Down. O que falta, muitas vezes, é a informação chegar até a ponta: às famílias, às escolas, aos profissionais, aos cidadãos que têm direito, mas não sabem.
Mas nada disso se torna realidade se não houver o conhecimento. As políticas públicas estão caminhando, sim. Mas caminham melhor, quando as pessoas sabem que esses direitos existem. A informação, nesse contexto, não é detalhe, é ferramenta de cidadania. E é por isso que esta coluna existe: para que mais pessoas tenham acesso ao que já é garantido, mas ainda precisa ser vivido com plenitude.
Na área da saúde, por exemplo, existem garantias que asseguram acolhimento diferenciado, atendimento prioritário e respeito às especificidades sensoriais, emocionais e comportamentais de quem possui espectro autista ou tem deficiência intelectual. A saúde precisa ser um lugar de segurança e não de tensão, e a legislação avança nessa direção.
Na educação, o direito à matrícula prioritária de irmãos na mesma escola e o acesso à unidade mais próxima da residência da criança, são exemplos de avanços que impactam diretamente o cotidiano das famílias. Outro passo importante, é a garantia da presença de mediadores escolares para alunos com deficiência, já prevista por legislação. Esses profissionais têm papel fundamental no processo de inclusão e aprendizagem.
No entanto, como acontece com muitas políticas públicas, a efetivação desse direito ainda enfrenta desafios, o que reforça a importância de que a população esteja informada e atenta ao que já foi conquistado por lei.
Inclusão escolar real exige estrutura, formação de profissionais e compromisso coletivo
Outro ponto que merece destaque é a representatividade. Existe lei que trata da inclusão de pessoas com deficiência em campanhas publicitárias, uma forma poderosa de promover a valorização dessas vidas, sua visibilidade social, reconhecimento, rompimento de estigmas e pertencimento. Porque a presença importa, a imagem importa e a ausência também comunica.
Como mulher e profissional que atua nos bastidores, sei o quanto essas vitórias custam. Sei que por trás de cada avanço, há diálogo, enfrentamento, articulação e, acima de tudo, escuta da sociedade civil. Mas também sei que nenhuma política pública é forte se a população não souber que ela existe. Informação é poder. Informação salva. Informação transforma.
Por isso, essa coluna não é apenas um espaço de opinião. É um canal de utilidade pública. A inclusão está avançando sim, mas precisa caminhar junto com a consciência coletiva. Cabe a cada um de nós, compartilhar, cobrar, exigir e fazer valer os direitos que já estão assegurados. Leis importantes existem.
O desafio, no entanto, está em fazer com que essas leis saiam da formalidade e cheguem à vida real. E para isso, a informação precisa circular. É por isso que escrevo esta coluna com tanta responsabilidade e carinho. Porque acredito que quem informa, forma. E que a verdadeira inclusão começa quando a gente entende o que é direito, e não favor.
Nenhuma lei cumpre seu papel sozinha. É preciso consciência, fiscalização e sobretudo gente que saiba que pode e que merece ser incluída.
Se esse texto chegar a uma mãe, a um pai, a um educador ou a um profissional de saúde, e ajudar a ampliar a consciência sobre o que já é possível, então ele já cumpriu sua missão.


























